Bacafá

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quinta-feira, 10 de março de 2011

Contos de quinta: A lupa.

A lupa.

Tudo parecia muito pequeno. Praticamente deformado de tão minúsculo. As imagens formavam um grande mosaico. Ora colorido, ora com poucas cores, ora uma mistura que se transformava numa cor só.

Havia uma distância certa para enxergar as coisas corretamente. Mas de onde estava o ideal seria uma lupa. Sendo assim, providenciou uma lupa e começou a observar cada serzinho e cada coisinha que os olhos alcançavam.

A lupa foi de grande valia. Ajudou a ver cada detalhe, cada pormenor, cada minudência do vai e vem dos pequenos seres e das pequenas coisas. Algumas dessas coisas estavam estáticas, outras também iam e vinham. Era realmente um conjunto fabuloso de se observar.

Um dos aspectos interessantes é que cada movimento ou atitude dos tais serzinhos acabava refletindo em algum outro local ou para algum outro serzinho. E olha que os serzinhos trabalhavam bastante, estavam sempre fazendo alguma coisa, não cansavam, não paravam nunca.

Quanto mais olhava, mais percebia que o número de serzinhos e coisas feitas por estes serzinhos aumentava. E os aumentos pareciam exponenciais. De todo modo, tudo caminhava relativamente tranqüilo.

Como não podia ser diferente, volta e meia ele pegava a lupa e aproveitava os raios do sol e ficava queimando os serzinhos ou incendiando as coisas que os serzinhos faziam. Ou então concentrava o calor nas reservas de águas dos serzinhos até que secassem.

De vez em quando ele também percebia que os serzinhos se estranhavam e cenas horríveis aconteciam. Alguns episódios eram impensados, outros planejados, premeditados. E mesmo podendo interferir, ele assistia tudo sem se importar, sem sequer resguardar os filhotes dos serzinhos.

A lupa lhe dava uma boa visão, uma visão privilegiada de tudo e tudo era diversão para ele.

Um dia, contudo, ele cansou de ficar vendo aqueles serzinhos e as coisas que eles faziam ou eles se matando ou destruindo as coisas dos outros. Jogou a lupa fora e resolveu procurar outra espécie em outra parte de seu quintal.

Um comentário:

Anônimo disse...

Gostei muito do seu conto, ele é só para ser lido e pensar que é um conto inocente ou é para refletir.
Este conto tem dois lados.