Bacafá

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sexta-feira, 25 de junho de 2010

Ânimo e desânimo.

Os sentimentos contraditórios muitas vezes nos perseguem. Medo e alívio, amor e ódio, alegria e tristeza. Dizem, os filósofos, que isto é natural, principalmente quando se trata da dicotomia alegria/tristeza. Aduzem, eles, que toda alegria vem sempre intrinsicamente vinculada a uma tristeza, muito mais caracterizada como uma preocupação. O melhor exemplo de todos os que já li e ouvi é o nascimento de um filho: a grande alegria dos pais vem em conflito com a grande preocupação pelo futuro da criança. Coisas da vida.

Nessa linha, ontem experimentei ao mesmo tempo ou em momentos muito próximos os sentimentos de ânimo e desânimo.

Como representante da OAB fui convidado para uma reunião promovida pelas Associações Comerciais de Jaraguá do Sul e Guaramirim com os partidos políticos da região. Estavam presentes, na condução, o presidente da ACIJS, Sr. Durval Marcatto Junior, a presidente da ACIAG, Sra. Eloísa Maiochi e o responsável pela campanha do voto consciente na região, o ex-presidente da ACIJS, Sr. Guido Bretzke. E, claro, os representantes e pré-candidatos de vários partidos.

A discussão foi longa, apesar de não ser a primeira. Meu sentimento de ânimo decorreu do empenho da sociedade, especialmente representadas pelas Associações Comerciais, na busca de alternativas para uma maior representatividade política da microrregião do Vale do Itapocu (Jaraguá do Sul, Guaramirim, Corupá, Schroeder e Massaranduba) nas esferas estadual e federal, já que hoje não temos nenhum deputado estadual ou federal (em outros tempos já tivemos concomitantemente 3 estaduais e 1 federal). As discussões entres os cidadãos pelas cinco cidades da nossa microrregião demontram a preocupação popular. Isso é bom, é fruto do amadurecimento da cidadania.

Mas, há o revés. Meu desânimo decorreu da falta de compreensão política ou da vontade de ceder, por parte dos partidos, em prol da região. Querem todos lançar seus candidatos, mesmo sabendo que alguns não têm a mínima chance. Pareceu, em alguns momentos, que mais importante que eleger o seu candidato é inviabilizar a candidatura concorrente. Não consigo admitir, e falei isso para eles, que comparem os partidos políticos a supermercados. Não consigo admitir que achem que estão fazendo favores quando são eleitos ou assumem cargos comissionados, como também ouvi lá. Não consigo admitir que não haja a compreensão político-social de que 15 ou 16 candidatos para deputado estadual na nossa região é a mesma coisa que não ter nenhum. Escada, usam a política apenas como escada. E sabe-se lá para que telhado ou janela. É frustrante, é desanimador.

Sei que nos partidos políticos não deve haver ingerência, afinal estamos em uma democracia. Se cada partido quiser lançar duzentos candidatos, azar o nosso. Restará apenas lamentarmos. Mas pedi responsabilidade e bom senso. E, mais do que isso, pedi honestidade. Honestidade dos partidos com eles próprios, com seus partidários e com a população. Eles sabem muito bem quem tem ou não tem chance; sabem quando uma disputa é justa e legítima ou quando é apenas interesseira. Pedi. Anuíram com suas cabeças, mas infelizmente sei que foram simples movimentos ao ar. Vamos ver quantos candidatos teremos.

2 comentários:

Adolpho Mahfud Junior disse...

por coincidência hoje escutei um dos candidatos ao telefone recebendo a confirmação de sua aprovação perante o partido e ao mesmo tempo a informação da desistência de outro....não há unidade nesta cidade, não há uma identidade, Jaraguaense não tem uma "cabeça" política, somente grupos minoritários com interesses aos seus negócios/famílias(sobrenomes) falta caráter resumindo

Adolpho disse...

"A trapaça, a má fé e a duplicidade são, infelizmente, o caráter predominante da maioria dos homens que governam as nações".
- Frederico II, o Grande, rei da Prussia

complementação do primeiro comentário