Bacafá

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terça-feira, 8 de junho de 2010

Heróis sem medalha.

Numa dessas cirandas da vida, conheci no início de maio desse ano o Sr. Osmar Machado, em Florianópolis. Embora o motivo do nosso encontro não tenha sido dos mais agradáveis, tive o privilégio de conhecer um homem honrado, respeitoso e trabalhador. Em nossa conversa já havia percebido todas estas qualidades.

Surpreendemente naquele mesmo dia ganhei dois livros de autoria dele, sendo que hoje falo do Heróis sem medalha - Santos sem coroa, da Editora Insular, e que trata especialmente da vida de seus pais e de seus 19 irmãos. E a impressão inicial, confirmou-se com a leitura da obra.

A dureza passada por uma família tão grande e tão humilde por volta da década de 1950, na localidade de Três Riachos, onde muitas vezes comer decentemente só ocorria com um pouco de sorte. Algumas coisas que hoje podem parecer tristemente pitorescas eram o cotidiano do Sr. Osmar e sua família, como ter uma toalha de banho para todos (cada um tinha que torcê-la para o próximo), conhecer escovação de dentes só aos 14 anos, trabalhar no mato descalço, ter uma muda de roupa apenas e dormir com essa mesma roupa depois de um dia de árduo de trabalho (cuja rotina pesada já começava por volta dos 6 ou 7 anos), e celebrar contetemente com pão como ceia de Natal.

A narração muitas vezes triste, outras divertidas, traz à tona uma família de fibra. O livro vale a pena ser lido para que possamos valorizar nossas próprias conquistas, assim como o trabalho alheio. É uma verdadeira lição de pertinácia.

No final do livro tem o depoimento de uma prima do Sr. Osmar, Sra. Áurea Ávila Wolff, do qual tomo a liberdade de transcrever um trecho, que dá uma idéia sobre a luz dessa família, tão pobre, no início, de dinheiro, e tão rica de valores morais: "Ao ler os escritos do Osmar sobre o modo como ele e seus irmãos foram criados, e ao lembrar das dificuldades pelas quais passaram, e das quais eu sou testemunha, questiono se é a pobreza de pão que leva ao vício, à corrupção e à violência, ou se é a pobreza de amor, de valores, e a ausência física e amorosa do pai e da mãe, que juntos podem dar segurança e rumo certo para a vida de seus filhos."

Reflexão...

Um comentário:

Marina disse...

De fato você é um homem que tem uma percepção aguçada das pessoas. Fico Feliz que tenhas confirmado isso através do livro, pois, realmente, o Sr. Osmar é uma pessoa especial.. Vergonhoso é o fato de eu ainda não ter lido esse livro, mas tive que pular a fila para ler outro..