Bacafá

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sexta-feira, 19 de março de 2010

Descontrole.

Falei, na última postagem, sobre a influência das informações indevidas ou exageradas de sexo sobre as crianças. Outro problema, contudo, acomete parte dessa geração. É o deconstrole dos pais sobre os filhos. Sou pai, sei que erro de vez em quando, e sei, igualmente, que criticar os outros é sempre mais fácil. Nossos espelhos não costumam funcionar fielmente quando tratamos de analisar erros. Os dos outros normalmente são mais gritantes que os nossos.

Mas vi e ouvi uma conversa que me deixou preocupado com os rumos da humanidade. Coisa corriqueira, aparentemente sem valor. Entretanto, esse pequeno elo pode ser o caminho para uma futura terra perdida, ou para o tempo da perdição (por favor, sem hipocrisias ou conotações religiosas).

Estava, eu, numa fila para pegar uma nota fiscal em uma loja de departamentos no centro da cidade quando a conversa abaixo gritou nos meus ouvidos (por mais que a mulher falasse baixo, com um certo desconforto pela situação):

- Oi, vim pagar essa conta.
- Pois não...
- Quanto vai dar?
- R$ 32,90.
- Ah, que bom, porque é isso que tenho aqui. (Entregou três notas de dez reais e duas de dois).

(A moça do caixa pegou o dinheiro e enquanto efetuava os procedimentos necessários, a senhora continuou).

- Você pode me dizer do que é essa conta?

(Eu, que até então estava pouco interessado no evento, embora o constrangimento aparente da senhora tenha me chamado a atenção desde o início, fiquei surpreso pela pergunta e curioso pelo desfecho. Acho que a moça do caixa também).

- Não tenho como ver aqui, senhora. (Ficou no ar a pergunta: - Por que? - que a funcionária não teve coragem de fazer. Mas não foi preciso. Pessoas constrangidas costumam se explicar mesmo que não seja necessário).

- É que, veja só, meu filho me disse ontem que eu tinha que pagar essa conta hoje senão o meu nome ia pro SPC. E ele não quis me dizer o que comprou, por isso te perguntei. Aí tive que vir pagar. Eu insisti, mas ele não me disse o que comprou; só mandou eu pagar porque senão meu nome ia ficar sujo.

Depois disso entendi o motivo do constrangimento daquela senhora que tinha cara e jeito de pessoa trabalhadora e honesta...

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