Bacafá

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quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Contos de quinta: Chuva.

Chuva.

A chuva caía forte lá fora. Trovadas e relâmpagos. Como a sua alma. Mau tempo. Tempestade que parecia não ter fim. E que começou com o fim do seu relacionamento.

A janela estava fechada e ela mal via o que acontecia na rua. Do lado de fora, a chuva torrencial e o vento forte deixavam tudo um cinza esbranquiçado. Por dentro os vidros estavam embaçados. E seus olhos marejados. Com a cabeça encostada no batente, sua respiração formava desenhos sem nexo no vidro úmido. Sem nexo como suas idéias. Embaçados como suas idéias.

Perdeu o controle da sua vida. De uma profissional promissora passou a ser uma eterna expectativa. Dos bons projetos aos sonhos que nunca cumpria. E do fim do relacionamento que era o grande amor da sua vida às tentativas de aventuras deslumbradas. Perdeu as amigas apesar de se achar amiga de todos. Perdeu as confidentes embora nunca tenha se aberto verdadeiramente.

As nuvens estavam negras e os seus pensamentos nublados. Não sabia se estava vivendo ou sonhando. Ou num pesadelo. Sonhou demais. Queria de volta sua carreira, seus projetos, suas amigas, seu amor. Queria largar os comprimidos e os medos. Queria acordar.

Lá fora a chuva torrencial inundava as ruas. Lá dentro as lágrimas lavavam seu corpo sem vida.

Um comentário:

Cesar Aguiar disse...

A liberdade do ser humano faz com que passe por experiências em sua vida que vão lhe trazer alegrias e tristezas. Assim, temos a liberdade e até o direito de errar, só temos que estar preparados para as consequências.