Bacafá

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quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Trânsito lá e cá.

O caos está próximo. Pelo menos para nós, porque nos grandes centros a população já está dentro do caos quando o assunto é trânsito. Tomando por exemplo Jaraguá do Sul, ainda há tempo para que evitemos ficarmos horas dentro do carro vendo a banda passar, apesar de que em determinados horários, uma viagem entre o centro de Jaraguá e Guaramirim pode levar tranquilamente mais de uma hora.

E o que temos visto as administrações públicas fazer? Basicamente trocar as mãos de direção das vias. A anterior, contratando um suposto especialista para voar de helicóptero sobre nossa cidade. A atual, avisando com um mês de antecedência o que seria mudado e alterando boa parte dessa mudança dois ou três dias depois, como se a população pudesse prever no sonho da noite as novas rotas a tomar.

É fato que a geografia da região não permite grandes milagres, com seus rios e montanhas. Entretanto estudo e dedicação dos nossos administradores poderão trazer bons resultados. O mundo inteiro busca soluções para a questão do trânsito, em especial nas grandes metrópoles. Aqui podemos adaptar o que tem se desenvolvido com sucesso lá fora. Não é necessário inventar a roda. Basta fazê-la girar.

Podemos partir para alternativas polêmicas, como o pedágio urbano, nos moldes do que Londres já faz desde 2003, o que permitiria ao motorista optar entre deixar o carro em casa ou pagar para dirigir pelo centro ou áreas mais tumultuadas. Podemos buscar soluções baratas como a conscientização da população para utilizar mais as bicicletas e as caminhadas. No meio termo, podemos criar vias específicas de ônibus e igualmente convencer as pessoas a utilizarem este meio de transporte público.

Bom, para isso, contudo, algumas coisas precisam ser melhoradas. Afinal, para convencer qualquer cidadão a abrir mão do seu automóvel com ar-condicionado e sua trilha sonora preferida (para efeitos estatísticos: em 2010 houve 5,4 milhões de novos emplacamentos no Brasil contra 4,8 milhões em 2009), são necessários argumentos fortes: um sistema viário eficiente e barato. As reclamações que percebemos dos usuários de ônibus em Jaraguá do Sul, entretanto, infelizmente não facilitam o convencimento dos não usuários. E o sistema não é bom mesmo. Se fosse nossa prefeita e nossos secretários utilizariam os ônibus para dar o exemplo, como fazem o prefeito de Nova Iorque, Michael Bloomberg, e sua equipe. O dia que eu vir a prefeita e seu primeiro escalão utilizando o transporte público para ir ao trabalho vou acreditar que estão sendo tomados estudos e medidas sérios para a solução deste problema (assim como também gostaria de ver os netos e filhos dos nossos governantes em escolas públicas – mas sobre educação comentarei em outro artigo).

Porém, não joguemos, aqui, toda a responsabilidade para a administração pública. Temos parcela de culpa no caos que se aproxima. Como professor de faculdade vejo os estacionamentos das instituições de ensino a cada dia mais abarrotadas de automóveis e motos. Quantos dos alunos não vêm e vão para os mesmos lados ou mesmo não saem das mesmas empresas? Tenho certeza que uma considerável parcela. Todavia, parece que ninguém está disposto a ceder: ou não gosta de conversar durante o percurso, ou não gosta da música que o colega ouve, ou acha que vai sair mais cedo da aula e não pode esperar o colega (ou seja, já vai disposto a gazear), ou qualquer desculpa por mais ridícula ou egoísta que possa parecer.

O interessante é que esse rodízio não favorece apenas o bolso dos que participam (e a economia é dupla: tanto na divisão do combustível quanto no provável aumento de rendimento do automóvel, já que haverá menos carros na rua e o trânsito fluirá melhor). Ajuda também na diminuição do estresse (menos tempo no carro, conversa com os colegas do trabalho ou da faculdade durante o percurso) e na diminuição da poluição (menos carros e menos congestionamentos, uma fórmula evidente).

Assim, enquanto a administração não traz as soluções devidas, nós cidadãos e eleitores podemos fazer a nossa parte. Quem sabe qualquer hora dessas encontramos a prefeita no ponto de ônibus...

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