Bacafá

Bacafá

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

A banalização da audiência pública.

Texto de Fernanda Klitzke.

Em um passado recente e saudoso reservámos horas divertidas promovendo o ritual que chamávamos de “Banalização da Champagne” e era banalização porque passavam pelas taças, de frisante de maçã à champagne chique herdado de natal merecidamente presenteada. Era um pretexto para conversar, discursar, construir castelos e lutar contra os moinhos de ventos, tentando consertar o mundo!

Compartilho com brevidade o tal ritual para ilustrar comparativamente o mais novo artifício colocado ao povo como um modismo, o qual chamo, por analogia, de “Banalização da Audiência Pública”. O fato é que nossos governantes, representantes, detentores de mandatos por nós outorgados resolveram banalizar com toda a propriedade um dos mais belos dos institutos democráticos brasileiros, o da Audiência Pública.

E assim, de enchente e catástrofes ao número de vereadores; de loteamentos irregulares à falta de médico nos postos de saúde; de microempreendedor individual à alteração do plano diretor (parte I e II); de telefonia fixa e móvel ao transporte coletivo, tudo parece merecer, como de Sidra a Veuve Clicquot, uma reunião ampliada.

Há quem chame de “terapia em grupo”, eu chamo de banalização afinal, nada mais banal do que a população sentar-se para ouvir a leitura de discursos prontos, impessoais, sem posicionamento, aguardando a chance para o seu próprio pronunciamento, porém cronometrado. E entre um café e outro, entre uma ajeitada no cabelo e um sorriso para as câmeras, lá se vai mais uma bela fatia de recursos públicos dispendidos com um circo sem encaminhamentos efetivos, sem sentido e sem consequências.

Pior que isso só mesmo o festival de Homenagens, mas estas merecem um capítulo especial e a analogia que aqui cabe é aquela dos “óculos-cor-de-rosa”, se é que me faço entender.

Nenhum comentário: