Bacafá

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sexta-feira, 28 de maio de 2010

“A história das coisas” (e o que fazemos com elas).

Texto de Jackson Kalfels, estudante do Curso de Direito da UNERJ/PUC.

Recentemente na matéria Responsabilidade Civil do curso de Direito da qual sou discente, assisti – a pedido do professor - um vídeo no “youtube” chamado “A história das coisas” que muito me estarreceu e entristeceu. Sentimentos estes que ensejaram a elaboração do presente artigo, ainda mais no que tange a seara aqui abordada (responsabilidade civil).

Em suma, o vídeo (que eu recomendo e peço para que todos assistam) aborda a cultura de consumo na qual vivemos, morremos e nos degradamos geração após geração. Se pararmos para pensar, essa cultura – que na verdade deveria ter a alcunha de “incultura”, ou melhor dizendo “burrice” – envolve todos os aspectos da vivência humana.

As duas guerras mundiais, a corrida espacial, o avanço exponencial da tecnologia nos últimos decênios, o carro novo, o emprego melhor, o stress em que vivemos, a falta de tempo, etc., tudo, exatamente tudo, esta indubitavelmente ligado ao dinheiro, a ganância do homem, em suma, tudo na nossa vida esta relacionado a cultura de consumo. E isso é muito triste !

Quando eu era criança, lembro-me que as pessoas se admiravam pela inteligência, pelo que elas eram, e não pelo que elas tinham. Lembro-me que as pessoas se respeitavam, pelo simples fato de o respeito ser norma básica de convivência em sociedade e não por uma imposição legal, como ocorre hoje. No período hodierno, você só é bem visto se consumir – e devemos consumir muito. O “ter” sobrepôs o “ser”. O “não ter” coloca à margem da sociedade as pessoas que não “dançam conforme a música” do momento, tornando-as aos olhos dessa sociedade pessoas caretas, trouxas, atrasadas.

Ensinamos Aristóteles, Platão e tantos outros ínclitos filósofos, mas esquecemos de incutir na mente das nossa crianças e jovens, o civismo, o cuidado com o meio ambiente, o respeito ao próximo, o respeito as leis, enfim, aspectos que fazem do ser humano um bom cidadão. Não estou renegando a filosofia clássica, mas tão importante quanto ela, é a ética, os bons costumes, o cuidado com o mundo em que vivemos. De nada adianta a história, senão para lembrar e ensinar o homem de que a evolução da espécie só é possível a partir do respeito mútuo, e do respeito a mãe terra.

Não pretendo me delongar por temas tão profundos e já muito bem esmiuçados por pessoas mais capazes que eu inclusive, só o fiz para demonstrar o quão intrínseco é a relação entre a cultura de consumo e as mais diversas faces da sociedade. É oportuno salientar, que sob a égide da “evolução econômica” e da “cultura de consumo”, o homem esta acabando com a natureza, usurpando-lhe tudo quanto baste para saciar seu desejo desenfreado de consumo. A miséria assola diversos países, assim como a fome e as inúmeras doenças, que ceifam a vida de milhares de pessoas. Mas o homem não se preocupa com o ser humano, o homem se preocupa apenas em ter o carro do ano, o celular de última geração, o apartamento caro e mais vistoso possível. O homem se condói ao ver crianças passando fome no noticiário, mas depois de desligar a televisão, o problema não é mais dele. Grave erro! O mundo é um só, e não adianta fecharmos os olhos para os problemas, pois já dizia o velho ditado “o pior cego é aquele que não quer ver”!

Por fim, gostaria de expressar minha humilde opinião quanto ao futuro deste belo planeta. É com tristeza e carregado de emoção que digo a vocês leitores – e seres humanos que são – que chegamos a um ponto onde a situação é irreversível. Posso parecer pessimista ao extremo ou até mesmo “apocalíptico”, mas observe nas ruas o comportamento das pessoas. Para cada uma que se preocupa com o meio ambiente, que tem consciência do dano que causamos a este planeta, que respeita o próximo, que age no escopo de fazer o máximo possível para tornar este mundo melhor, eu lhes digo, que há dez ou vinte que não estão nem ai, que estão se “lixando” pra este planeta e para as outras pessoas.

Quero deixar bem claro que o fato de fazer esta constatação não faz de mim uma pessoa desinteressada, muito pelo contrário, procuro fazer o possível e o que está a meu alcance para ajudar as pessoas e o nosso planeta, e é justamente por esse motivo que escrevi este artigo. Por favor, pense sobre o que discorri, pense no que você faz com as suas coisas, não ignore os fatos, não ignore a vida!

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Para quem ainda não viu o vídeo referido pelo aluno Jackson, clique aqui.

3 comentários:

Darwinn Harnack disse...

É isso aí Jackson. Tudo é uma questão de conscidência e sensibilidade, para conseguir enxergar um pouco além do focinho.

Na cultura de massa atual, a consciência e os valores pessoais são sorrateiramente encobertos, para priorizar a ordem de consumo.

A grande massa não percebe e se deixa levar pelos sonhos, pelas "delícias" prometidas para quem se mostra inserido na grande estrutura.

Deixar de consumir é impossível (estamos imersos). O importante, no entanto, é permanecer consciente para agir de modo inteligente, alertando também os demais.

Lucivane disse...

Parabéns Jackson! Excelente artigo.
Infelizmente é isso ai mesmo que acontece. Sua opinião é realista. E, assim como você, pretendo fazer a minha parte e esperar que o próximo também assim o faça, na esperança de melhorar a situação do nosso planeta.

Ítalo Demarchi dos Santos disse...

Parabéns caro amigo Jackson pelo brilhante artigo. O ciclo vicioso que parece nunca ter fim a respeito do consumismo, é uma grave ameaça a humanidade, que como bem destacado por você,torna-se irreversível, ao passo que as pessoas não se preocupam mais com as coisas simples da vida, afinal para que? se preocupar com isso, se hoje em dia a preocupação de boa parte (quase toda) é pelo tecido da roupa que você está usando, por seu carro, casa, e sua conta bancária!
Ótimo artigo, muito bem escrito e coerente! destaco o seguinte:

De nada adianta a história, senão para lembrar e ensinar o homem de que a evolução da espécie só é possível a partir do respeito mútuo, e do respeito a mãe terra.

a recíproca é verdadeira. Mudando a mente das pessoas, o mundo mudará com a gente.