Bacafá

Bacafá

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Arthur Schopenhauer

"Uma das maiores e mais freqüentes besteiras consiste em fazer grandes planos para a vida, qualquer que seja a sua natureza. Para começar, esses planos pressupõem uma vida humana inteira e completa, que, no entanto, somente pouquíssimos conseguem alcançar. Além disso, mesmo que estes consigam viver muito, esse período de vida ainda é curto demais para tais planos, uma vez que a sua realização exige sempre muito mais tempo do que se imaginava; esses projeto, ademais, como todas as coisas humanas, estão de tal modo sujeitos a fracassos e obstáculos, que raramente chegam a um bom final. E, mesmo se no final tudo é alcançado, não se leva em conta o fato de que no decorrer dos anos o próprio ser humano se modifica e não conserva as mesmas capacidades nem para agir, nem para usufruir. Muitas vezes aquilo que se propôs fazer durante a vida toda, na velhice parece-lhe insuportável - já não tem condições de ocupar a posição conquistada com tanta dificuldade, e portanto as coisas chegaram-lhe tarde demais; ou o inverso, quando ele quis fazer algo de especial e realizá-lo, é ele que chega tarde demais com respeito às coisas. O gosto da época mudou, a nova geração não se interessa pelas suas conquistas, outros se anteciparam, etc.

O motivo deste erro freqüente reside na ilusão natural, em virtude da qual a vida, vista desde o seu início, parece sem fim, ou então extremamente breve, quando considerada retrospectivamente a partir do final do seu decurso (efeito do binóculo de teatro). Essa ilusão tem, sem dúvida, o seu lado positivo: sem a sua existência, dificilmente se conseguiria realizar algo de grande."
(Arthur Schopenhauer, A arte de ser feliz).

5 comentários:

Zeus disse...

Oi amigão,passando para ver as novidades e aproveito para te deixar o seguinte pensamento:

Mantenha sua mente limpa de qualquer pensamento menos digno. Só assim conservará a serenidade e a Paz, como base da felicidade que chegará a você. O corpo é o reflexo da mente. E a mente é o reflexo de nossa alma, que é o nosso verdadeiro eu. Pense coisas nobres e elevadas, e seu corpo manterá inalterável a saúde, trazendo-lhe a felicidade que tanto almeja.
Um abraço e seja feliz

Darwinn Harnack disse...

Schopenhauer foi uma das inspirações de Nietzsche, que reiteradamente fazia tal referência.

Excelente dica de leitura Raphael. Clássico é clássico, a cada leitura uma nova visão.

Um abraço!

Clarinha disse...

éééé....
é isso mesmo..
até dei uma engolida seca sabe?

precisamos viver o dia de hoje mesmo... complanos não tão futuros...

beijos

Carina disse...

Schopenhauer é famoso por seu pessimismo- ele era alemao. Isto por si só já explica muitas coisas.
Quem nao sonha, nao planta e nao colhe. Pode ser que nem todos os grandes planos se realizem, mas que bom que existem os que sonham e nao se conformam como Schopenhauer!

Raphael Rocha Lopes disse...

Darwinn, obrigado.
Clarinha, muitas precipitamos as coisas, mesmo.
Carina, minha amiga, realmente S. é um ícone do pessimismo, mas a idéia é não vivermos só com base nos planos, nas coisas que vamos alcançar no futuro. Você sabe como poucas o quanto sou sonhador. Acredito que S. não era um conformado, mas um provocador dos nossos pensamentos.