Bacafá

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domingo, 29 de março de 2009

Idiossincrasias

Dentro daquelas situações inusitadas que vi ao longo desse tempo que não escrevi, uma me chamou mais a atenção. Já aviso de antemão que alguns leitores podem me achar preconceituoso. Talvez seja mesmo.

Estava indo para uma reunião no prédio do CPL (Centro de Profissionais Liberais, uma idéia bastante interessante, onde quatro associações de profissionais liberais - OAB, ABO, Associação dos Engenheiros e Arquitetos e Associação dos Médicos - uniram esforços nos mais diversos sentidos. Falarei mais sobre essa união em outra oportunidade), que fica próximo a uma escola pública. Diga-se, daquelas escolas públicas bem cuidadas e organizadas. Praticamente no centro da cidade.

Sempre que a reunião coincide com o horário de saída dos alunos, fica um pouco mais complicado estacionar por perto, pois há muitos pais que possuem carro, mesmo se tratando de escola pública. Nada a estranhar, pois em Jaraguá do Sul temos um bom nível de vida médio, com uma renda mínima muito mais alta do que a média do país. É uma cidade de povo trabalhador e ordeiro.

Entretanto, espantou-me muito quando vi, na semana passada, um Audi A3 branco novo (não o último modelo, mas realmente novo), aguardando em fila dupla (aí é outro problema, a falta de educação, tornando-se o particular mais importante que o coletivo e o trânsito que se dane), provavelmente o filho ou a filha.

Sabemos muito quais são as limitações de uma escola pública de primeiro grau. Os menos culpados são os alunos e os professores, claro, mas a deficiência de condições acabou desequilibrando sobremaneira a qualidade de ensino entre a pública e a particular. A falta de apoio ou a completa ausência do Estado levou a esse abismo nos últimos 30 ou 40 anos. Antes escolas públicas eram formadoras de grandes pensadores e ativistas em todas as áreas. Hoje é exceção.

Então fiquei pensando: qual a prioridade daquele pai que compra um carro bem mais caro que a média (e olha que nossos carros já são muito caros proporcionalmente ao que ganhamos e comparativamente a outros países) e deixa seu filho estudando em uma escola pública? O seu bem estar, mesmo que momentâneo, ou o futuro do filho?

Talvez seja só mais um exagero meu.

2 comentários:

Paulo César Nascimento disse...

Raphael, ele podia ser namorado de uma professora, marido da diretora, traficante, ou então trabalhar em uma empresa de aluguel de automóveis...

Mas sua reflexão é pertinente, mesmo assim. Abraço

Carlos disse...

Raphael, sabe me dizer qual a diferença entre matricular um filho em uma escola pública ou particular? A minha resposta é: selecionar os "amigos" do seu filho, porque não são os professores a diferença principal, infelizmente digo isso.