Um dos textos que mais me fez
refletir na minha vida adulta é de um jaraguaense. “A falácia do telhado de vidro”,
do advogado e professor Darwinn Harnack, de 2010. Lembrei dele no meio desta fuzarca
que virou nossa política e as discussões de botequim. Cabe bem aqui, em dois
aspectos, a meu ver.
Primeiro: “Todo o ser humano comete erros e é falível.
Disso não restam quaisquer dúvidas. Porém, o escudo hoje tão utilizado do “não
jogue pedras...” tem fundamentado uma atitude não recomendável de passividade
perante os fatos da vida. Se todo o ser humano erra, isso não é motivo para
deixar de se defender um padrão de conduta correto e voltado para o bem. Quem
erra deve aceitar a crítica devida, mas não perde, por isso, o direito de
também cobrar a correção da conduta alheia. Fosse assim, ninguém poderia
criticar mais nada. Essa ideia é falaciosa e induz à passividade que tanto
interessa a quem assume uma posição de comando, seja em uma instituição ou
mesmo no Estado. Em outras palavras, não é porque alguém cometeu um ou mais
deslizes na vida que está fora da órbita dos chamados “homens de bem”, que
podem criticar e cobrar os demais. Todos têm esse direito e o “homem de bem” de
hoje, pode ser o errado amanhã.”
De outro norte, o próprio
contrapõe: “É bem verdade que o ataque
irracional contra alguém que cometeu um erro na vida, constitui atitude leviana
e própria de quem não calça mentalmente as sandálias do próximo antes de se
pronunciar”. O professor tem razão nas duas colocações. Passividade a
obscuros interesses alimenta. Raiva a nenhum lugar leva.
Está-se vendo, porém, a
pessoalização nas discussões dos problemas que assolam nosso país. Poucos têm
trazido soluções, muitos têm descarregado, com evidente ira, ataques irracionais claramente
papagaiando o “que ouviram dizer”, às vezes sem a mínima noção do que repetem.
O momento é grave, o debate é
necessário, o conhecimento de causa é fundamental e a reflexão é essencial.
Independentemente de como terminar esta triste página da nossa história.