Bacafá

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quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Adulteração infantil


Dia desses, cortando o cabelo, percebi duas meninas com seus cinco ou seis anos de idade, fazendo as unhas nas manicures do mesmo salão. Questionei a minha cabeleireira se era muito comum crianças nessa idade fazerem as unhas (talvez eu, aqui, esteja usando a expressão errada, mas estavam, lá, as pequenas, pintando as unhas). Ela me respondeu que sim. Comentou, inclusive, que uma menina dos seus três ou quatro anos apareceu no salão com uma sandália com um saltinho. Pequeno, mas um salto.

Torno ao assunto, então, porque já comentei sobre isso nessa coluna e o que penso. Aproveito a época de Natal, transformada em uma grande data de comemoração capitalista, na qual muitas das pessoas (se não a maioria) que dizem acreditar nos dogmas cristãos ou teológicos, acabam se preocupando mais com o tamanho do peru do jantar, com os presentes que querem dar ou receber ou para onde vão nas férias de final de ano.

O fato é que cada vez mais cedo as crianças estão sendo transformadas em mini-adultos. É o que eu tenho insistentemente chamado de adulteração infantil, pois estas crianças estão sendo adulteradas, falsificadas, corrompidas ao terem suas mentes e corpos levados precocemente para a vida adulta.

Este fenômeno acontece principalmente com as meninas, vítimas de suas mães, tias e avós frustradas com o que não tiveram na sua infância ou, o que pode ser ainda pior, pressionadas pela cultura midiática do ter em detrimento do ser. Essas meninas crianças transformadas em mini-adultas podem agradar aos olhos de maníacos (tanto sexuais quanto consumistas), mas não aos meus e, acredito, da maioria das pessoas.

Sempre digo, também, que psicólogos e ortopedistas podem explicar melhor do que eu todas as conseqüências mentais e físicas a que estas crianças estão sujeitas, mas, ainda assim, dou meus pitacos.

O que dizer de meninas com seis, sete, dez anos, andando de sapatos ou sandálias com saltos, bolsas gigantes nos braços, com as caras pintadas, às vezes parecendo umas mini-prostitutas, celulares de última geração na mão e se comportando como adolescentes mimadas de 17 anos?

Primeiro, não vão sequer brincar aquelas brincadeiras tão salutares para corpo e mente de sua idade. Que menina-pseudo-adulta destas vai querer suar para brincar de pegar, esconde-esconde, amarelinha, elástico ou bambolê? E se quiser, como vai fazer com saltos debaixo dos pés? E se ficar descalça, onde vai deixar sua bolsa de marca ou seu celular de última geração, sendo que seus pais devem dizer “cuidado, não perca isso que foi muito caro”?

Segundo, como vão ficar os pés, joelhos e colunas destas meninas usando salto desde a infância? E isso descamba para coisas piores. Vi uma reportagem outro dia onde uma menina de 13 anos queria colocar silicone nos peitos. A mãe e o médico, pelo menos na televisão, disseram que não permirtiriam. Entretanto o que, cargas d’água, estavam fazendo num consultório eu não sei.

Voltarei ao tema semana que vem, tratando de outro fator: a publicidade.

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