Bacafá

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sexta-feira, 3 de junho de 2011

Comercial infeliz.

Mais do que isso, muito infeliz.

Os anúncios publicitários (popularmente chamados de propagandas ou comerciais) têm o objetivo precípuo de conquistar os clientes para determinados produtos ou serviços. Sem qualquer hipocrisia, é natural em uma sociedade capitalista, onde as empresas almejam o lucro. E, embora de certa forma regulados pelo CONAR e pelas regras de bom senso, volta e meia algumas abominações aparecem em nossas telas, na freqüência dos rádios ou nas páginas de jornais e revistas.

Que muitas vezes tais anúncios tentam conquistar nossos corações e mentes por vias oblíquas, todos sabem e, respeitados certos limites, pode até ser aceitável. Hoje em dia não cabem mais lavagens cerebrais por esses meios e eu, particularmente, não acredito no poder da tal mensagem subliminar.

O que não podem, as empresas e seus comerciais, é estimular o consumismo em detrimento da desagregação da família.

Pois bem, vamos ao anúncio que me deixou indignado.

A Oi, além de ser campeã de reclamações nos PROCONS país afora em companhia de suas colegas do setor de telefonia, brindou-nos com uma lamentável (para não dizer leviana) pérola publicitária.

O comercial. Um garoto está à mesa do café com seus pais, ele lendo jornal, ela não lembro fazendo o que. O pequeno, em sua cadeirinha de criança, esboça algumas palavras: “pai”, “mãe”, “torrada com geléia” ou algo assim. Nada surte efeito aos impassíveis pais, que continuam desprezando a criança concentrados em suas leituras. Somente quando o menino fala algo do tipo “internet banda larga, valor alguma coisa” os pais prestam atenção ao rebento.

Sou pai. Sei da alegria de ver um filho (no meu caso uma filha) falando as primeiras palavras, principalmente quando são justamente “pai” e “mãe”. E fiquei pensando com meus botões que tipo de importância a Oi quer dar às relações pais e filhos com uma proposta cínica dessas, ainda mais hodiernamente quando todos sabem da dificuldade que muitas famílias estão tendo nessa comunicação.

Crises entre pais e filhos existem desde sempre e provavelmente sempre existirão. Dispensamos, porém, uma campanha publicitária em rede nacional entrando na nossa casa e falando: “- Pais, não precisam dar ouvidos ao que seus filhos dizem, a não ser que eles digam como consumir mais nossos produtos!”

Espero que esta tenha sido apenas uma falta de atenção dos mega-executivos da operadora e dos seus publicitários. Espero sinceramente que eles não pensem que já tenhamos chegado no tempo em que as conversas entre pais e filhos ou atenção dos pais aos filhos não sejam mais importantes; ou que sejam menos importantes do que uma promoção de serviço de internet ou telefonia.

Se não podem colaborar com mensagens positivas, pelo menos que não achincalhem as relações familiares comercialmente. Não sei se os mega-executivos da Oi sabem, mas muitas crianças e adolescentes assistem televisão e são facilmente impressionáveis. Para o bem ou para o mal.

Por precaução, eu, que estava pensando em trocar de internet lá em casa, risquei da lista esta operadora.