Bacafá

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sexta-feira, 29 de abril de 2011

Mundo em ebulição

Quem lembra daquele jingle publicitário “o tempo passa, o tempo voa, e a poupança Bamerindus continua numa boa... é a poupança Bamerindus”? Pois é. O tempo passa, o tempo voa, o Bamerindus não existe mais, porém o mundo continua girando.

E não sei se é por conta da internet com seus facebook, skype, MSN, twitter, jornais em tempo literalmente real, ou se é por conta da televisão com trezentos canais com uma parcela considerável de jornalísticos, mas o fato é que parece que o mundo está em ebulição.

Quantos de nós somos realmente felizardos e conseguimos em um simples final de semana nos desligar de tudo? Notícias jornalísticas, problemas, televisão, internet, celular e toda essa parafernália que alguém resolveu chamar de gadget, mas que em bom português não passam de geringonças ou tranqueiras que só nos tomam tempo? Quem tem conseguido ler um bom livro esticado na rede sem se preocupar com o tempo, qualquer horário que seja? Quem consegue brincar com o neto sem olhar para o relógio, jogar bola com o filho, brincar de boneca com a filha ou simplesmente namorar sem pressa, sem lenço e sem documento? E sem essa palavra relativamente nova que teima em nos rodear por aí, o tal do estresse?

Parece mesmo que o mundo está fervendo. Se dermos uma rápida passada com os olhos pelas notícias que pululam no mundo virtual, por exemplo, vamos dar de cara com as coisas mais preocupantes e mais absurdas em poucos minutos.

Podemos saber que 175 pessoas morreram nas nossas rodovias federais na Semana Santa, que a Porsche lança uma edição especial de um de seus bólidos para comemorar mais de 1 milhão de seguidores no facebook, que a filha do Kaká mal nasceu e já é exposta na mídia pelos próprios pais, que João Paulo II vai ser beatificado em tempo recorde, que pelo menos mais de 100 presos em Guantánamo eram inocentes, que na Síria e na Líbia diariamente continuam morrendo pessoas na luta pela democracia, que o cinema chinês vai criar o seu James Bond, mas sem insinuação sexual, que o FHC continua criticando o Lula, que os campeonatos estaduais de futebol estão nas fases finais, que a Jennifer Lopez quer 20 milhões de dólares para continuar num programa de televisão dos EUA, que aqui o Governo do Estado não tem dinheiro para arrumar uma escola em Guaramirim, que continua a confusão do ônibus sumido de Guaramirim, com muitos acusados e poucos culpados, que em Jaraguá do Sul alguns vereadores ainda estão em cima do muro sobre o aumento de cadeiras na Câmara, apesar das maciças manifestações públicas contra.

Isso sem contar as enchentes, as secas, os terremotos, os genocídios na África e os políticos corruptos ou coniventes no Brasil.

O mundo borbulha e a tendência é que borbulhe cada vez mais.

Se retroagirmos 10, 20 ou 30 anos, quantas dessas notícias estariam nos jornais ou seriam relevantes para o nosso conhecimento, para a nossa cultura? Algumas, sem dúvida. Outras não fariam a menor diferença, como em realidade nem hoje fazem. De fato, algumas destas os jornalistas nem sequer perderiam seu tempo para escrever em outras épocas. Nada nos acrescentam.

Tem, por outro viés, aquelas notícias que farão eternamente parte das páginas dos jornais, virtuais ou não. Violência, guerras, problemas climáticos ou naturais, políticos brigando, descontrole com o dinheiro público. A única esperança que fica, talvez, é que a incidência diminua no futuro, e que esse futuro não esteja muito distante.

Resta-nos tentar ensinar à molecada que dá para dividir o tempo entre o futebol na rua e o futebol nos vídeos-game de última geração, que cada ato tem uma conseqüência e que praticar a gentileza pode fazer desse mundo, que não é de todo ruim, ainda melhor.

Um comentário:

Vanessa Leviathan disse...

É... saudade do tempo em que havia "Bamerindus" (não dele...rsrsrs) !!!