Não gostei muito do título que escolhi para o artigo de hoje. Reflexões não devem, de fato, ser pequenas. Deveriam demandar um tempo razoável para se considerar, ponderar, amadurecer o próprio pensamento. De todo modo, lendo algumas notícias e notas em O Correio do Povo e em outros jornais, peguei-me pensando sobre o presente e o futuro.
A escolha do secretário da SDR.
O Governador do nosso Estado, Sr. Raimundo Colombo, errou. Levar 100 dias para escolher um nome para um cargo político desta importância, ainda mais de uma região próspera e ansiosa por investimentos e definições como a nossa, serviu apenas para transformar pequenas luxações em fraturas expostas.
Esse banho-maria ferveu demais e acabou queimando. A fumaça e o cheiro ruim acabaram se espalhando pelas páginas dos jornais e pelas ondas dos rádios.
E tudo isso para manter o secretário que já ocupava a cadeira da discórdia, Sr. Lio Tironi.
Em certos momentos, Sr. Governador, a decisão rápida é melhor do que decisão nenhuma, mesmo com os riscos. Se lá naquela primeira leva de tuitadas de nomes de secretários o senhor já tivesse apontado o daqui, muitos problemas e saias-justas poderiam ter sido evitados.
Agora o que nem todos sabiam é notícia corrente: a senhora prefeita de Jaraguá do Sul e seu marido, secretário municipal, respectivamente Sra. Cecília Konell e Sr. Ivo Konell, não toleram o nome escolhido.
Muitas ameaças do casal administrador de Jaraguá do Sul saíram (e não sei se são verdadeiras porque apenas as li), inclusive com repercussão estadual.
Não sei exatamente o que o casal vai fazer. Até a hora que escrevi este texto, ainda não tinha notícia das conseqüências na residência dos Konell. Renunciar ao governo, eu sinceramente não acredito. Mudar de partido, talvez. Outras represálias, não sei. O fato é que o clima ficou ruim.
Por outro lado, espero que o Sr. Lio Tironi, tendo em vista a nada discreta oposição do casal Konell, não leve o assunto para o lado pessoal (por mais que tenha sido). Espero que seja grande suficiente para não negar o empenho que Jaraguá do Sul merece nessa sua continuidade na passagem pela Secretaria Regional.
Na realidade, espero que as arestas sejam podadas e que todos se sentem à mesa, como homens públicos que são e como homens que pensam a coisa pública com responsabilidade (o que se espera), e iniciem uma etapa de trabalho conjunto para o bem não só de Jaraguá do Sul, mas de todas as cidades abrangidas pela Secretaria.
O interesse que deve prevalecer é o da sociedade, o bem comum!
A mulher de César de Guaramirim.
Outra notícia que me espantou tinha a seguinte manchete: “Prefeito contrata suspeitos de fraude”, com o subtítulo “Ação civil pública investiga profissionais que foram convidados a trabalhar em Guaramirim” (OCP, 9.4.2011, p. 6).
Pior foi ler a assertiva do prefeito de Guaramirim, Sr. Nilson Byllardt: “É lógico que eu sei. A responsabilidade é toda minha. Eu confio neles”. Estava se referindo à contratação de duas pessoas investigadas por desvio de verba pública, superfaturamento de materiais médicos e hospitalares e contratação ilícita de funcionários em Barra Velha.
Refrescando a memória dos mais incautos, coincidentemente foi em Barra Velha que o prefeito de Guaramirim parou, como secretário municipal, enquanto não se resolvia quem deveria ficar na cadeira principal da prefeitura de Guaramirim.
Acabo, por isso, tendo que voltar àquela velha máxima: “À mulher de César não basta ser honesta. Tem que parecer honesta”. E aí eu me pergunto: como fazer uma administração pública parecer honesta se em seus quadros aparecem suspeitos de desvios de verba pública, ou de pessoas respondendo a ações civis públicas?
Sei que todos devem ser considerados inocentes até o término da demanda, e só serão realmente culpados se forem efetivamente condenados. Mas o administrador público não pode se dar a esse privilégio de argumentação. Trabalha com o erário, ou seja, o dinheiro do povo, e nenhum risco pode ser corrido neste aspecto. Beira à irresponsabilidade!
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Em tempo: este artigo foi publicado no jornal O Correio do Povo em 13.04.2011, última quarta-feira. Infelizmente a reação negativa da prefeita de Jaraguá do Sul e seu marido veio. As aparências dizem que os cargos do PSDB na prefeitura foram pedidos de volta em represália à escolha do secretário da SDR, Lio Tironi. O casal de mandantes do paço municipal é do DEM.
2 comentários:
não entendo o modo como colombo escolheu alguns dos seus subordinados. para mim pesou a quesão política. competencia e conhecimento não foram levados em consideração. tenho acompanhado de perto a atuação de cesar souza junior e tenho me decepcinado profundamente. a pasta de cultura, esporte, turismo e lazer tem um orçamento "poderoso" e um monte de perguntas mal respondidas...
é triste demais, pois, embora não tenha votado em colombo, cheguei a acreditar que ele pudesse fazer uma administração melhor que a de seu antecessor (o que não seria difícil). mas não, não é isso que tenho visto...
Luiz Henrique da Silveira foi um gênio do ponto de vista política de manutenção do poder ao criar as SDRs.
São 39 cabides de emprego espalhados pelo Estado, que servem a cada quatro anos, como cabos eleitorais de quem está no poder.
O problema é que o povo, sempre o povo, arca com o alto custo de manutenção dessa grande estrutura, que serve muito mais aos interesses de quem está exercendo o poder, do que ao verdadeiro titular, o tão sofrido, enganado e lesado "povo".
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