Bacafá

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terça-feira, 25 de novembro de 2008

Junky, de Willian Burroughs

Maconha não induz ninguém ao crime. Nunca vi ninguém ficar belicoso sob o efeito do fumo. Fumetas são uma raça de sociáveis. Sociáveis demais pro meu gosto. Não entendo porque as pessoas que acusam a maconha de instigadoras de crimes não vão mais longe e pedem também a proibição do álcool. Todos os dias você vê bêbados cometendo crimes que não aconteceriam se estivessem sóbrios.

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Ouve-se falar que pessoas enlouquecem por causa da maconha. De fato, pode ocorrer um certo tipo de demência com o uso excessivo da erva, caracterizada por um tipo de raciocínio demasiado alusivo e abstrato. Todavia, a maconha vendida nos Estados Unidos não é forte o suficiente para cozinha os miolos de um cidadão; nos States é muito raro se encontrar casos de psicose de maconha. ... Quem fuma uns poucos cigarrinhos por dia está tão sujeito a pirar quanto um sujetio que toma seus drinques antes de jantar.

Mais uma coisa sobre maconha: uma pessoa fumada fica completamente inepta para dirigir automóvel. A maconha perturba a percepção do tempo e, em conseqüência, também das relações espaciais. Uma vez, em Nova Orleans, tive de parar no acostamento e esperar o barato baixar. Eu não conseguia avaliar as distâncias entre as coisas, nem calcular o momento certo de virar ou pisar no freio.

Junky, de Willian S. Burroughs, é um livro que me foi apresentado e emprestado pelo Gelson da Grafipel, e narra a história de um viciado em drogas pesadas (junky) no período final e pós II Grande Guerra, que vivia nos Estados Unidos, ou States, como ele fala no livro.

Mostra o mundo desses viciados e tudo o que os cerca com uma linguagem curta e contundente, crua e fria, característica dos escritores beat (isso deduzi das lições do Gelson sobre essa rara safra de escritores).
Nesta parte que transcrevi, o personagem faz uma interessante análise comparativa entre a maconha e o álcool e nos demonstrando como a HIPOCRISA que já existia naquele tempo persiste até hoje.

Vale destacar que o livro foi escrito em 1953 e essa edição que estou lendo é da Editora Brasiliense, de 1984 (sem código de barras, pai?, como questionou minha filha) e a capa é exatamente essa aí de cima (com exceção do 2a. edição).

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