Bacafá

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terça-feira, 9 de outubro de 2012

Eleições, coronéis e mudanças contínuas.


Eleições: o ápice da democracia. Considerando a etimologia da palavra, da qual se depreende que democracia é o “poder do povo”, as eleições – em especial o sufrágio universal – são o passaporte do povo para conquistar o poder.

Esse poder, contudo, não é a força ou o dinheiro. Esse poder é o direito da população à educação, saúde, segurança, emprego, lazer, ou seja, a uma vida digna sob qualquer ângulo.

Neste último domingo todas as cidades do país praticaram a democracia com a escolha de prefeitos e vereadores dentre uma infinidade de candidatos. É um momento que deveríamos comemorar, não pela vitória deste ou daquele, mas pelo fato de novamente termos a liberdade que nos foi tolhida violentamente algumas décadas atrás.

Na nossa região a disputa pacífica prevaleceu, com algum soluço antidemocrático aqui ou ali, como a injustificada violência contra o prefeito de Guaramirim ou o descaso de um ou outro com a lei, que infringiram as normas do certame eleitoral no dia da votação.

Por outro lado perceberam-se novos ares na região. A política coronelista foi superada pela vontade de mudança, do diferente. Mesmo que o diferente não seja assim tão diferente. Mas aqueles coronéis, embora não vestidos ou com os sotaques daqueles do livro/novela/minissérie Gabriela, foram avisados pelos eleitores. Não há mais espaço.

A diferença para a ficção é que enquanto os coronéis dos livros de Jorge Amado impunham seus candidatos em seus currais eleitorais pelo medo, os urbanos modernos utilizam-se da máquina pública para convencer o povo, transformando as cidades em canteiros de obras às vésperas das eleições. Os eleitores, porém, perceberam o engodo.

Sim, os tempos são outros. As mudanças pipocam. O julgamento dos responsáveis pelo mensalão, por exemplo, traz um alento à população, pelo qual, no mínimo, se vê um debate sobre as responsabilidades de cada um dos envolvidos e de todos nós que os elegemos. Ressalte-se que o tal do valerioduto não é obra de um só partido e muito menos só dos últimos governos, vindo, com esse ou outros nomes, com esse ou outro escopo, de tempos anteriores. Quem não lembra, outro exemplo, da declarada compra de votos para a aprovação da reeleição para o presidente Fernando Henrique Cardoso?

Passamos, como qualquer nação, por momentos de depuração política e crescimento sociológico. Agora é um destes momentos.

Não podemos nos enganar e nos acomodar, porém. Há vinte anos um certo presidente sofreu o impedimento político, sendo escorraçado do Palácio do Planalto por conta das inúmeras falcatruas em que se meteu com seu assessor para assuntos escusos, o já morto PC Farias.

Todavia, onde se encontra o ex-presidente Fernando Collor de Mello? Belo e formoso numa das cadeiras do Senado. Eleito democraticamente.

As mudanças são contínuas e muitas vezes paulatinas. É necessário que o eleitor, o cidadão esteja sempre atento. E que nosso poder de indignação não tenha sazonalidade vintenária.

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