Bacafá

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quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

1984: pontos nada modernos e ainda atuais.

Alguns dos raciocínios do livro do George Orwell vão ao encontro do que penso sobre política. Essa história de que os políticos ou os partidos querem oxigenação do poder é pura balela. Só o querem quando não estão lá. Querem apenas o poder e quando chegam, querem se perpetuar no topo. Ou alguém pensa diferente? Raciocínio básico; nem precisa de esforço para entender como as coisas funcionam.

A diferença são os meios pelos quais se consegue se manter no poder. Naturalmente um povo
esclarecido e educado tende a querer mudar quando a repetição se torna excessiva, o que leva a outra conclusão óbvia. Alguns se mantêm no poder por meios não tão claros. A questão é diferenciar o joio do trigo ou achar que tudo é farinha do mesmo saco.

"Porque se lazer e segurança fossem desfrutados por todos igualmente, a grande massa de seres humanos que costuma ser embrutecida pela pobreza se alfabetizaria e aprenderia a pensar por si; e depois que isso acontecesse, mais cedo ou mais tarde essa massa se daria conta de que a minoria privilegiada não tinha função nenhuma e acabaria com ela. A longo termo, uma sociedade hierárquica só era possível num mundo de pobreza e ignorância."

"Sabemos que ninguém toma o poder com o objetivo de abandoná-lo. Poder não é um meio, mas um fim. Não se estabelece uma ditadura para proteger uma revolução. Faz-se a revolução para instalar a ditadura. O objetivo da perseguição é a perseguição. O objetivo da tortura é a tortura. O objetivo do poder é o poder."

E, falando sobre classes sociais diferentes:

"Os objetivos desses três grupos são inconciliáveis. O objetivo dos Altos é continuar onde estão. O objetivo dos Médios é trocar de lugar com os Altos. O objetivo dos Baixos, isso quando têm um objetivo - pois uma das características marcantes dos Baixos é o fato de estarem tão oprimidos pela trabalheira que só a intervalos mantêm alguma consciência de toda a e qualquer coisa externa a seu cotidiano -, é abolir todas as diferenças e criar uma sociedade na qual todos os homens sejam iguais."

Ou seja, cada um por si e ninguém por todos...

2 comentários:

Marina Carla disse...

Análise certeira sobre poder e hierarquias!
Aliás, gosto muito de teus textos!

Raphael Rocha Lopes disse...

Obrigado, Mari!