Continuando a postagem de ontem, com os anúncios da Rider dos anos 90 com músicas interpretadas por grandes nomes da nossa música, mais um bloco hoje:
Brasil pandeiro, com Novos Baianos.
É hoje, com Fernanda Abreu,
País tropical, com Paralamas do Sucesso.
Até o comercial do CD eu achei, hehehe. Apresentado pelo Kid Abelha, que cantou Pingos de amor:
Faltaram as músicas com Barão Vermelho, Sandra de Sá e Jorge Benjor. Se alguém tiver aí, é só marcar.
Bacafá
terça-feira, 22 de dezembro de 2015
segunda-feira, 21 de dezembro de 2015
Campanha Rider - em tempos de quase férias...
Pessoal mais antigo vai lembrar. Em meados dos anos 90 a Grendene veio com uma campanha forte para os chinelos Rider. Utilizava sucessos da música brasileira, com roupagem nova, e muito boa produção. A empresa responsável, se não me engano, era a badalada W/Brasil.
Havia um dos Rider, inclusive, que vinha acompanhando por um CD. Eu comprei o chinelo, que deve
ter ido embora faz muito tempo (alguma coisa parecida com esse da foto aí do lado). Mas o CD continua o mesmo, e o achei neste final de semana. Foi parte da trilha sonora para Florianópolis no sábado.
Assim, torcendo para que o sol reapareça, busquei alguns desses anúncios que mostram que a publicidade pode fugir do trivial e da mesmice, e pode marcar por décadas:
Descobridor dos sete mares, com Lulu Santos:
Vamos fugir, com Skank:
Felicidade, com Rita Lee:
Como uma onda, com Tim Maia:
Havia um dos Rider, inclusive, que vinha acompanhando por um CD. Eu comprei o chinelo, que deve
ter ido embora faz muito tempo (alguma coisa parecida com esse da foto aí do lado). Mas o CD continua o mesmo, e o achei neste final de semana. Foi parte da trilha sonora para Florianópolis no sábado.
Assim, torcendo para que o sol reapareça, busquei alguns desses anúncios que mostram que a publicidade pode fugir do trivial e da mesmice, e pode marcar por décadas:
Descobridor dos sete mares, com Lulu Santos:
Vamos fugir, com Skank:
Felicidade, com Rita Lee:
Como uma onda, com Tim Maia:
sexta-feira, 18 de dezembro de 2015
O estranho caso do besouro gigante.
Tirando do baú virtual, um dos Contos de Quinta. Se não o mais, um dos mais surreais ou extraordinários (no sentido de fora do comum mesmo) do repertório. Originalmente foi publicado em duas partes, em duas quintas seguidas. Hoje vai tudo de uma vez só. Ao final, um pouco de música, com Flight of the bumblebee ou, simplesmente, O vôo do besouro, em duas versões. A primeira, de Al Hirt, no filme Kill Bill, e a segunda da London Cello Orchestra.
O estranho caso do besouro gigante.
Certa noite, caminhava o cidadão pelas ruas vazias, escuras e quentes da silenciosa cidade. Prédios margeando seus passos, casas com as luzes acesas algumas, apagadas outras. Nem os cães ladravam. O estranho silêncio acompanhava o andar do cidadão. Apenas o barulho dos seus próprios sapatos, já gastos, embora limpos. O mesmo não se poderia falar das ruas. Aqui e ali as lâmpadas dos postes piscavam. Outras estavam completamente apagadas, provavelmente queimadas. As restantes emitindo uma luz fraca, amarelada. Nestas, muitos insetos fazendo suas danças e seus malabarismos no entorno.
O cidadão apenas andava, sem destino. Pensava na vida. Às vezes conseguia pensar em nada. Limpava a mente. Entretanto, algo chamou sua atenção para a próxima esquina. Caminhou lentamente até lá, dobrou a esquina e ficou olhando. Surpreso. Analisou vagarosamente, detalhadamente, a estranha criatura a sua frente.
Parecia um monstro. Um monstruoso besouro, para ser mais exato. Seis patas enormes e peludas, todo preto, com uns riscos vermelhos. Ficou atônito na frente do inseto. Mudo, quase sem respirar. O besouro, por sua vez, concentrou-se no cidadão. Olhava, também. Praticamente parado, também. Apenas mexendo as antenas. O bicho deu um passo lento. O cidadão recuou. Sem falar nada. Não porque não queria, mas simplesmente porque não conseguia. Teve a intenção de gritar, mas não conseguiu. Fechou os olhos.
Abriu somente quando sentiu um bafo em seu rosto. O besouro estava praticamente enconstado em seu nariz. O cidadão não sabia se se mantinha congelado ou se saía correndo. Por medo ficou parado mesmo. O monstro resolveu cutucar o cidadão. De leve, sem machucar, como se estivesse dando sinais de boas intenções. O cidadão respirava profunda e vagarosamente. As gotas de suor já escorriam por sua testa. Suor frio que igualmente lhe molhavam as costas.
Deu um passo para trás. O inseto se assustou e deu uns dois ou três passos também para trás, levantando-se um pouco, o que o fez parecer ainda mais gigante do que já era. O cidadão fechou os olhos e se franziu, esperando o pior.
O estranho caso do besouro gigante.
Certa noite, caminhava o cidadão pelas ruas vazias, escuras e quentes da silenciosa cidade. Prédios margeando seus passos, casas com as luzes acesas algumas, apagadas outras. Nem os cães ladravam. O estranho silêncio acompanhava o andar do cidadão. Apenas o barulho dos seus próprios sapatos, já gastos, embora limpos. O mesmo não se poderia falar das ruas. Aqui e ali as lâmpadas dos postes piscavam. Outras estavam completamente apagadas, provavelmente queimadas. As restantes emitindo uma luz fraca, amarelada. Nestas, muitos insetos fazendo suas danças e seus malabarismos no entorno.
O cidadão apenas andava, sem destino. Pensava na vida. Às vezes conseguia pensar em nada. Limpava a mente. Entretanto, algo chamou sua atenção para a próxima esquina. Caminhou lentamente até lá, dobrou a esquina e ficou olhando. Surpreso. Analisou vagarosamente, detalhadamente, a estranha criatura a sua frente.
Parecia um monstro. Um monstruoso besouro, para ser mais exato. Seis patas enormes e peludas, todo preto, com uns riscos vermelhos. Ficou atônito na frente do inseto. Mudo, quase sem respirar. O besouro, por sua vez, concentrou-se no cidadão. Olhava, também. Praticamente parado, também. Apenas mexendo as antenas. O bicho deu um passo lento. O cidadão recuou. Sem falar nada. Não porque não queria, mas simplesmente porque não conseguia. Teve a intenção de gritar, mas não conseguiu. Fechou os olhos.
Abriu somente quando sentiu um bafo em seu rosto. O besouro estava praticamente enconstado em seu nariz. O cidadão não sabia se se mantinha congelado ou se saía correndo. Por medo ficou parado mesmo. O monstro resolveu cutucar o cidadão. De leve, sem machucar, como se estivesse dando sinais de boas intenções. O cidadão respirava profunda e vagarosamente. As gotas de suor já escorriam por sua testa. Suor frio que igualmente lhe molhavam as costas.
Deu um passo para trás. O inseto se assustou e deu uns dois ou três passos também para trás, levantando-se um pouco, o que o fez parecer ainda mais gigante do que já era. O cidadão fechou os olhos e se franziu, esperando o pior.
Durante alguns segundos nenhum dos dois se mexeu. Enquanto o menor continuava paralisado, o inseto foi se reaproximando. Encostou novamente no cidadão, como se quisesse mostrar alguma coisa. Como se quisesse se comunicar. Foi o empurrando devagar. Saíram do beco onde estavam e foram caminhando. No inicio o cidadão estava andando de costas. Depois andaram lado a lado.
Quando o cidadão se deu conta já estava em frente a sua casa. Teve uma estranha sensação de que se comunicava mentalmente com o bizarro bicho. Abriu o portão rangente e entrou na frente. O inseto passou um pouco pelo espaço aberto, um pouco por cima do pequeno muro de tijolos à vista.
Ao subir os quatro degraus que davam para a varanda de sua casa, o cidadão se virou e ficou olhando o monstro. Voltou os olhos para a porta e novamente para o bicho. Calculou mentalmente o tamanho do inseto e imaginou se passaria pela porta. Entrou em casa, acendeu as luzes e ficou esperando. O besouro gigante foi se aproximando aos poucos, espremeu-se pela porta e entrou, derrubando alguns enfeites que estavam na mesa na parede ao lado da porta.
Depois de olhar para os cacos, o bicho se acomodou em um dos sofás da sala. O maior. O cidadão pegou uma cerveja na cozinha e voltou pra sala, sentando em uma poltrona de frente para o esquisito bicho em sua esquisita posição.
- Precisamos de um nome pra você – falou em voz moderada.
O inseto continuou olhando para o cidadão bebendo cerveja.
- Mas... que nome? Rubro-negro? Gigante? Zé? Não, não... não combinam com você. Você é muito bizarro... É isso, hehe... acho que é isso mesmo. Bizarro. Seu nome, daqui em diante, é Bizarro.
O cidadão pegou uma tigela de plástico, encheu de cerveja e deu para o Bizarro beber, enquanto entornava a sua segunda garrafa. Ligou a televisão e ficaram vendo aquelas séries americanas antigas enlatadas. Parecia que o besouro ria junto com o cidadão.
No outro dia, ao tempo que o cidadão cortava a grama do jardim de sua casa, Bizarro cuidava, do seu jeito, dos canteiros e dos outros insetos. Na hora do almoço assaram carne na churrasqueira nos fundos da casa e beberam mais cerveja. Falavam pouco entre si, mas havia uma estranha comunicação telepática.
No final do dia o quintal estava perfeito. Jogaram um pouco de futebol no gramado cortado. Depois de mais cerveja foram dormir. O monstro dormia na rua, numa tenda improvisada pelos dois. Dentro de casa já havia quebrado muitas peças e louças.
Quando acordou, o cidadão sentiu um cheiro estranho. Sua cama toda molhada. As paredes manchadas, respingadas. Tudo vermelho. O lençol ensopado no chão, em direção à porta. Uma dor lancinante. Olhou para baixo e não viu suas pernas. Apenas dois tocos ensangüentados e ainda sangrando, com os ossos despedaçados e a carne triturada. Só conseguiu gritar desesperadamente.
quinta-feira, 17 de dezembro de 2015
Beethoven em tempos de impeachment no STF e proibição de whatsapp.
Com tanta coisa sendo discutida por aí, das mais importantes, como o destino deste governo sendo discutido na corte mais alta do país a outras nem tanto (até é importante, sim, pois mexe, de uma forma ou de outra, com a economia e a tecnologia), como ficar 48 horas sem whatsapp, vamos comemorar o aniversário de um dos maiores compositores de todos os tempos: Ludwig Van Beethoven (245 anos), com o 1o movimento da 5a sinfonia, com o maestro Karajan e a Filarmônica de Berlim. Aprecie sem moderação, aumente o som e feche os olhos:
Finalmente: pena de morte para menores infratores.
Vi o vídeo abaixo na página do Facebook de Daniela Felix. Vi e não queria acreditar no que estava vendo. Vi e me senti mal. Vi e não me reconheci brasileiro. Não me reconheci ser humano. Vi e fiquei sem saber direito o que pensar. Vi e perdi um pouco da pouca esperança que tenho. Vi e continuo me fazendo perguntas. Vejam vocês também:
Como comentei lá no face da Daniela, não sabia se chorava ou se chorava. Pessoas que se entendem acima de qualquer suspeita querem metralhar o garoto, pura e simplesmente. Pena de morte, pura e simplesmente. Sem julgamento, sem ouvida, sem processo, sem nada. Essas mesmas pessoas, possivelmente, que querem um país mais honesto, mais justo, mais equilibrado, com menos corrupção, com mais honestidade, com mais seriedade, com mais sobriedade. Metralhar, a moça do vídeo falou. "Tem que metralhar, metralhar. Tiro na cabeça. É isso que tem que fazer" falou a infeliz. Homens e mulheres vestido com a bandeira do Brasil batendo no rapaz. Batendo por trás, batendo e escondendo a mão. Batendo e achando que têm razão.
Embrulhou meu estômago o tratamento dos civilizados, da elite branca, dos que querem mudar o brasil. E nem porque o menino é menor ou negro, como chama o título da matéria. É porque é pobre mesmo. Quantos estão querendo linchar o banqueiro ou o empreiteiro presos? Quantos? Quantos foram lá bater na cabeça do Odebrecht ou do Esteves? O que é isso, afinal? É reflexo da indignação daqueles presentes ou a sua simples inação cotidiana descarregada contra quem não consegue se defender naquele momento?
Eu entendi bem? Aquelas pessoas estão querendo contra o moleque (que provavelmente aprontou mesmo, mas que deve ser punido na Justiça e não justiçado na rua) o que não querem para seus filhos? Metralhar? Bater na rua na frente de todo mundo?
Discuti o assunto com uma das pessoas mais importantes pra mim hoje. Ela discorda de mim, e disse que nunca vivi o trauma de um canivete no pescoço para saber o que é a raiva acumulada daquela gente. Realmente, nunca vivi. E espero nunca viver. Mas ainda assim não consigo compreender isso. Na realidade, já passei por uma situação parecida, embora não violenta. Um garoto me apontou um canivete, um baita canivete, que depois descobri tinha sido furtado da loja do pai de uma amiga da minha filha. Acompanhei o tratamento dele com a equipe do social da prefeitura. Um garoto sem referências, e que a equipe do social se esmerou em tentar recuperar.
O fato é: alguém se pergunta de onde vêm essas crianças? Elas vêm daqui?
Não quero dizer que pobre tem que ser marginal. Bem longe disso. Só quero nos lembrar que se as condições forem as de cima, as chances de vermos garotos aprontando o que talvez o do vídeo tenha aprontado serão infinitamente maiores.
Apenas para localizar o leitor, essa foto dos meninos dormindo no chão, eu ouvi falar numa palestra promovida pela Católica SC de um professor de Direito do Rio de Janeiro se não me engano. Infelizmente não localizei o autor. Sabe traduzir a foto, caro leitor? Nada mais do que garotos de rua que, provavelmente depois de cheirar alguma coisa para matar a fome, se amontoaram uns nos outros e em cima do vão do metrô para que o ar quente lá de baixo, que subia quando a composição passava, pudesse dar algum conforto numa noite fria de inverno. Entendeu a complexidade da necessidade?
São esses garotos sem perspectiva, sem referência, sem comida, sem Estado, sem nada, que apanham dos senhores indignados com os furtos que cometem. São esses garotos que não tem pai e não tem mãe e que vão fazer mais filhos sem pais ou mães que vão acabar nos matando num assalto mal sucedido temperado com alguma droga alucinógena. A culpa é deles? Algum daqueles bonitões corajosos na frente da polícia já deu um cobertor, uma comida ou um caderno pra esses moleques?
Ou a culpa é nossa?
Bons os tempos em que metralhar e não morrer era apenas a música punk da banda do Supla.
Como comentei lá no face da Daniela, não sabia se chorava ou se chorava. Pessoas que se entendem acima de qualquer suspeita querem metralhar o garoto, pura e simplesmente. Pena de morte, pura e simplesmente. Sem julgamento, sem ouvida, sem processo, sem nada. Essas mesmas pessoas, possivelmente, que querem um país mais honesto, mais justo, mais equilibrado, com menos corrupção, com mais honestidade, com mais seriedade, com mais sobriedade. Metralhar, a moça do vídeo falou. "Tem que metralhar, metralhar. Tiro na cabeça. É isso que tem que fazer" falou a infeliz. Homens e mulheres vestido com a bandeira do Brasil batendo no rapaz. Batendo por trás, batendo e escondendo a mão. Batendo e achando que têm razão.
Embrulhou meu estômago o tratamento dos civilizados, da elite branca, dos que querem mudar o brasil. E nem porque o menino é menor ou negro, como chama o título da matéria. É porque é pobre mesmo. Quantos estão querendo linchar o banqueiro ou o empreiteiro presos? Quantos? Quantos foram lá bater na cabeça do Odebrecht ou do Esteves? O que é isso, afinal? É reflexo da indignação daqueles presentes ou a sua simples inação cotidiana descarregada contra quem não consegue se defender naquele momento?
Eu entendi bem? Aquelas pessoas estão querendo contra o moleque (que provavelmente aprontou mesmo, mas que deve ser punido na Justiça e não justiçado na rua) o que não querem para seus filhos? Metralhar? Bater na rua na frente de todo mundo?
Discuti o assunto com uma das pessoas mais importantes pra mim hoje. Ela discorda de mim, e disse que nunca vivi o trauma de um canivete no pescoço para saber o que é a raiva acumulada daquela gente. Realmente, nunca vivi. E espero nunca viver. Mas ainda assim não consigo compreender isso. Na realidade, já passei por uma situação parecida, embora não violenta. Um garoto me apontou um canivete, um baita canivete, que depois descobri tinha sido furtado da loja do pai de uma amiga da minha filha. Acompanhei o tratamento dele com a equipe do social da prefeitura. Um garoto sem referências, e que a equipe do social se esmerou em tentar recuperar.
O fato é: alguém se pergunta de onde vêm essas crianças? Elas vêm daqui?
Ou elas vêm daqui?
Não quero dizer que pobre tem que ser marginal. Bem longe disso. Só quero nos lembrar que se as condições forem as de cima, as chances de vermos garotos aprontando o que talvez o do vídeo tenha aprontado serão infinitamente maiores.
Apenas para localizar o leitor, essa foto dos meninos dormindo no chão, eu ouvi falar numa palestra promovida pela Católica SC de um professor de Direito do Rio de Janeiro se não me engano. Infelizmente não localizei o autor. Sabe traduzir a foto, caro leitor? Nada mais do que garotos de rua que, provavelmente depois de cheirar alguma coisa para matar a fome, se amontoaram uns nos outros e em cima do vão do metrô para que o ar quente lá de baixo, que subia quando a composição passava, pudesse dar algum conforto numa noite fria de inverno. Entendeu a complexidade da necessidade?
São esses garotos sem perspectiva, sem referência, sem comida, sem Estado, sem nada, que apanham dos senhores indignados com os furtos que cometem. São esses garotos que não tem pai e não tem mãe e que vão fazer mais filhos sem pais ou mães que vão acabar nos matando num assalto mal sucedido temperado com alguma droga alucinógena. A culpa é deles? Algum daqueles bonitões corajosos na frente da polícia já deu um cobertor, uma comida ou um caderno pra esses moleques?
Ou a culpa é nossa?
Bons os tempos em que metralhar e não morrer era apenas a música punk da banda do Supla.
quarta-feira, 16 de dezembro de 2015
Isso não é uma competição, Sr. Willian Waack.
Assistindo ao Jornal da Globo, na Rede Globo, na última segunda-feira, entre tantos mandos e desmandos na política brasileira tratados como notícias, infelizmente algumas vezes policiais, veio à tona o assunto que dominou o início da semana (com o final de semana junto), que, a essa altura, já foi atropelado pelas Catilinárias da Lava Jato (uma coisa não se pode negar: a Polícia Federal é criativa na escolha dos nomes das suas operações!! E sempre tem uma justificativa erudita e sarcástica ao mesmo tempo).
Pois bem. O jornalista Willian Waack, âncora do Jornal da Globo, soltou um comentário mais ou menos assim: o Brasil melhorou no IDH, mas não adiantou nada, pois caiu uma posição (de 74o para 75o) e foi ultrapassado pelo Sri Lanka.
Como não adiantou, cara-pálida? Se o índice melhorou, adiantou, sim. Não estamos numa competição com os outros países. Quer dizer que se o índice tivesse piorado, mas tivéssemos subido uma ou duas posições (porque outros países teriam piorado mais) seria melhor ou adiantaria? É um jogo isso e ninguém foi avisado? Quero crer que tenha sido apenas um escorregão de raciocínio num programa ao vivo, apesar do jornalista ser extremamente experiente.
Apenas para ilustrar: o IDH é medido com quatro indicadores: expectativa de vida ao nascer; expectativa de anos de estudo; média de anos de estudo (da população até o momento); e renda nacional bruta per capita. Como os três primeiros indicadores melhoraram, o IDH brasileiro passou de 0,752 em 2013 para 0,755 no ano passado. O avanço não foi maior por conta da queda na renda. Ficamos entre a primeira colocada, Noruega (0,944), e o lanterna, Níger (0,348), num ranking de 188 países.
Isso não significa, também, que não estamos andando a passos de tartaruga e que muita, mas muita coisa mesmo deve ser melhorada. Gostaria de ver o Brasil chegar lá nas cabeças. Mas os outros países também, inclusive o Níger. O mundo seria, sem dúvida, melhor.
Pois bem. O jornalista Willian Waack, âncora do Jornal da Globo, soltou um comentário mais ou menos assim: o Brasil melhorou no IDH, mas não adiantou nada, pois caiu uma posição (de 74o para 75o) e foi ultrapassado pelo Sri Lanka.
Como não adiantou, cara-pálida? Se o índice melhorou, adiantou, sim. Não estamos numa competição com os outros países. Quer dizer que se o índice tivesse piorado, mas tivéssemos subido uma ou duas posições (porque outros países teriam piorado mais) seria melhor ou adiantaria? É um jogo isso e ninguém foi avisado? Quero crer que tenha sido apenas um escorregão de raciocínio num programa ao vivo, apesar do jornalista ser extremamente experiente.
Apenas para ilustrar: o IDH é medido com quatro indicadores: expectativa de vida ao nascer; expectativa de anos de estudo; média de anos de estudo (da população até o momento); e renda nacional bruta per capita. Como os três primeiros indicadores melhoraram, o IDH brasileiro passou de 0,752 em 2013 para 0,755 no ano passado. O avanço não foi maior por conta da queda na renda. Ficamos entre a primeira colocada, Noruega (0,944), e o lanterna, Níger (0,348), num ranking de 188 países.
Isso não significa, também, que não estamos andando a passos de tartaruga e que muita, mas muita coisa mesmo deve ser melhorada. Gostaria de ver o Brasil chegar lá nas cabeças. Mas os outros países também, inclusive o Níger. O mundo seria, sem dúvida, melhor.
terça-feira, 15 de dezembro de 2015
Estabilidade x Lava Jato, e uma assustadora definição de um PMDB-empresa.
Em sua coluna na Valor Econômico on-line, com o título Impeachment contaminado, Marcos Nobre começa assim:
"O PMDB é uma empresa de fornecimento de apoio parlamentar, com cláusula de permanente revisão do valor do contrato. Na qualidade de maior empresa do ramo, estabelece sempre o parâmetro dos preços praticados nesse mercado. Todas as demais empresas aguardam a negociação do PMDB para a fixação do preço de seus serviços. Se quiser governar, qualquer governo está obrigado a estabelecer primeiro um acordo com o líder do cartel do sistema político."
Essa definição, apesar de assustadora, não apavora pela novidade, mas, sim, pela realidade, eis que é
o que corre a boca pequena ou a boca grande há muito tempo quando se refere ao PMDB nacional. Eu mesmo já ouvi manifestações parecidas em palestras, discussões ou debates, na TV e ao vivo. O PMDB nacional está ali, dividido, fracionado, com vários caciques e suas tribos, e, diferentemente de alguns outros partidos, sem um objetivo único da porta para fora.
O articulista Marcos Nobre ainda traz uma interessante perspectiva de como a presidente Dilma Rousseff se mantém no cargo graças, por mais paradoxal que possa parecer, segundo ele próprio diz, à Operação Lava Jato e de como o impeachment pode, eventualmente, atrapalhar ums possível estabilidade alcançável por outros meios.
O panorama é um tanto sombrio. Algo do tipo, se ficar o bicho pega, se correr o bicho come. Nenhuma novidade aqui, também, mas refletir é sempre bom...
Leia a íntegra do artigo de Marcos Nobre na página da Valor Econômico clicando aqui.
"O PMDB é uma empresa de fornecimento de apoio parlamentar, com cláusula de permanente revisão do valor do contrato. Na qualidade de maior empresa do ramo, estabelece sempre o parâmetro dos preços praticados nesse mercado. Todas as demais empresas aguardam a negociação do PMDB para a fixação do preço de seus serviços. Se quiser governar, qualquer governo está obrigado a estabelecer primeiro um acordo com o líder do cartel do sistema político."
Essa definição, apesar de assustadora, não apavora pela novidade, mas, sim, pela realidade, eis que é
o que corre a boca pequena ou a boca grande há muito tempo quando se refere ao PMDB nacional. Eu mesmo já ouvi manifestações parecidas em palestras, discussões ou debates, na TV e ao vivo. O PMDB nacional está ali, dividido, fracionado, com vários caciques e suas tribos, e, diferentemente de alguns outros partidos, sem um objetivo único da porta para fora.
O articulista Marcos Nobre ainda traz uma interessante perspectiva de como a presidente Dilma Rousseff se mantém no cargo graças, por mais paradoxal que possa parecer, segundo ele próprio diz, à Operação Lava Jato e de como o impeachment pode, eventualmente, atrapalhar ums possível estabilidade alcançável por outros meios.
O panorama é um tanto sombrio. Algo do tipo, se ficar o bicho pega, se correr o bicho come. Nenhuma novidade aqui, também, mas refletir é sempre bom...
Leia a íntegra do artigo de Marcos Nobre na página da Valor Econômico clicando aqui.
segunda-feira, 14 de dezembro de 2015
Oito palavras em inglês que só existem por causa da internet.
Tudo bem que sou da geração do Atari, mas não sabia que realmente não sei quase nada de internet. Não conhecia nenhuma destas palavras, nas concepções que lhe foram dadas.
O Portal Exame.com trouxe alguns exemplos. Na realidade, não mudou minha vida. Nem deve mudar
a sua, também. Vale, mesmo, pela curiosidade. Eis as palavras: e-quaintance, hacktivist, bashtag, nonliners, e-stalker, wiki, netiquette. Os significados podem ser vistos diretamente na página da matéria, clicando aqui. Mas tente antes descobrir, ainda que intuitivamente, o que cada um delas quer dizer. Não é muito difícil. Um pouco de lógica ajudará.
O Portal Exame.com trouxe alguns exemplos. Na realidade, não mudou minha vida. Nem deve mudar
a sua, também. Vale, mesmo, pela curiosidade. Eis as palavras: e-quaintance, hacktivist, bashtag, nonliners, e-stalker, wiki, netiquette. Os significados podem ser vistos diretamente na página da matéria, clicando aqui. Mas tente antes descobrir, ainda que intuitivamente, o que cada um delas quer dizer. Não é muito difícil. Um pouco de lógica ajudará.
No Brasil também se criou um, digamos, dialeto para a internet ou redes sociais. Um dialeto pobre, vergonhoso, onde se tem que fazer algum esforço para entender o que o interlocutor está querendo dizer. Entretanto, isso é assunto para outro dia.
sexta-feira, 11 de dezembro de 2015
Happy birthday to you termina em acordo nos EUA.
Fonte: Portal Folha de São Paulo
Um processo pelos direitos autorais da tradicional canção "Happy Birthday to You" ("Parabéns a Você") terminou em acordo, pondo fim a uma batalha legal de dois anos nos Estados Unidos.
O acordo foi alcançado dias antes do início do julgamento na Califórnia, que iria determinar se esta canção passaria ou não a pertencer ao domínio público.
Um juiz americano determinou em setembro que a companhia Warner/Chappell Music, filial da Warner Music, não tivesse direito de cobrar pelo uso da canção com fins lucrativos.
A mesma decisão se aplicava a outras empresas que cobravam pela canção, registrada em 1935, rejeitando assim as demandas de direitos autorais da Warner.
Os termos do acordo não foram divulgados, mas a imprensa americana sugere que, com base na decisão de setembro, o uso da canção será gratuito.
Continue lendo clicando aqui.
Dois milhões de dólares por ano de direitos autorais!!! Vou lembrar dos cifrões em cada rodada de "Parabéns pra você"nos próximos aniversários...
Aqui, uma das versões mais, digamos, sensuais, polêmicas e famosas da velha canção (que originalmente era infantil):
Um processo pelos direitos autorais da tradicional canção "Happy Birthday to You" ("Parabéns a Você") terminou em acordo, pondo fim a uma batalha legal de dois anos nos Estados Unidos.
O acordo foi alcançado dias antes do início do julgamento na Califórnia, que iria determinar se esta canção passaria ou não a pertencer ao domínio público.
Um juiz americano determinou em setembro que a companhia Warner/Chappell Music, filial da Warner Music, não tivesse direito de cobrar pelo uso da canção com fins lucrativos.
A mesma decisão se aplicava a outras empresas que cobravam pela canção, registrada em 1935, rejeitando assim as demandas de direitos autorais da Warner.
Os termos do acordo não foram divulgados, mas a imprensa americana sugere que, com base na decisão de setembro, o uso da canção será gratuito.
Continue lendo clicando aqui.
Dois milhões de dólares por ano de direitos autorais!!! Vou lembrar dos cifrões em cada rodada de "Parabéns pra você"nos próximos aniversários...
Aqui, uma das versões mais, digamos, sensuais, polêmicas e famosas da velha canção (que originalmente era infantil):
terça-feira, 8 de dezembro de 2015
Os dez melhores de Jaraguá do Sul.
Toda lista é falha. Toda lista é pessoal (até aquelas que são feitas através de votações ou jurados). Toda lista não se encerra, é incompleta. Toda lista desagrada (às vezes não agrada sequer o seu idealizador). Toda lista cria polêmica. Toda lista é imprópria. Toda lista gera curiosidade. Toda lista causa desconforto. (Quase) Toda lista é divertida. Todo mundo tem alguma lista de alguma coisa.
Faz tempo que queria criar uma lista das coisas boas de Jaraguá do Sul. Estão aí os dez mais da cidade:
1. Melhor feijoada - Ferrazza Bar
1. Melhor combo achocolatado gelado + mini-sonhos - Du Chocolat
1. Melhor combo milk shake + pão de queijo - Zabu
1. Melhor sorvete (de qualquer sabor) - Maggione Gelateria
1. Melhor chopp artesanal na noite - Stannis Pub
1. Melhor bar de rock com cerveja gelada - Sacramentum Pub
1. Melhor pizza de atum - Casarão Pizzaria
1. Melhor picanha com queijo - Mr. Beef
1. Melhor pimenta (aquela com tequila) - Arriba Bar
1. Melhor X-proc (dois hambúrgueres e muuuito queijo) - Antenor Lanches
A lista ficou apertada. Daria pra trazer mais dez melhores. E entre estes dez, alguns poderiam ter mais três ou quatro outros melhores. Enfim... Só para começar.
Faz tempo que queria criar uma lista das coisas boas de Jaraguá do Sul. Estão aí os dez mais da cidade:
1. Melhor feijoada - Ferrazza Bar
1. Melhor combo achocolatado gelado + mini-sonhos - Du Chocolat
1. Melhor combo milk shake + pão de queijo - Zabu
1. Melhor sorvete (de qualquer sabor) - Maggione Gelateria
1. Melhor chopp artesanal na noite - Stannis Pub
1. Melhor bar de rock com cerveja gelada - Sacramentum Pub
1. Melhor pizza de atum - Casarão Pizzaria
1. Melhor picanha com queijo - Mr. Beef
1. Melhor pimenta (aquela com tequila) - Arriba Bar
1. Melhor X-proc (dois hambúrgueres e muuuito queijo) - Antenor Lanches
A lista ficou apertada. Daria pra trazer mais dez melhores. E entre estes dez, alguns poderiam ter mais três ou quatro outros melhores. Enfim... Só para começar.
segunda-feira, 7 de dezembro de 2015
Mulher-picanha
Do portal Valor Econômico, coluna Blue Chip, de Angela Klinke:
Com a proximidade do verão, consumidoras já manifestam nas redes sociais o desejo de boicotar as marcas de cerveja que apresentarem a mulher-picanha em suas ações de marketing. Carla Alzamora, diretora de planejamento e líder do projeto de empoderamento feminino da Heads, acredita que o discurso da hipersexualização e objetificação ainda deve prevalecer. Este ano a agência organizou no primeiro semestre um estudo para “mapear de que forma gênero e raças são representados na publicidade, a fim de identificar possíveis padrões e estereótipos.” Vários clientes, segundo ela, passaram a pedir orientação sobre o tema desde então. “Há uma sensibilização com tema e as discussões acaloradas nas redes ajudam a colocar os argumentos de formas visíveis.
Foto: Portal Valor Econômico
Continue lendo a matéria clicando aqui.
Não é de hoje que se discute o assunto. A vulgarização da mulher, em especial na publicidade, decorre de vários fatores. O principal deles, a meu ver, é a sociedade machista (assim como racista e elitista). Publicidade é o meio utilizado para vender. Transmitir a sensação de poder faz vender. Uma coisa liga a outra. Não faltam exemplos no mundo inteiro de campanhas publicitárias ou meros anúncios com conotações sexistas ou machistas.
Isso até me fez lembrar de um magistrado que declarou a Lei Maria da Penha um monstrengo porque deus fez a mulher inferior ao homem. Alguns trechos:
Esta “Lei Maria da Penha” — como posta ou editada — é portanto de uma heresia manifesta. Herética porque é anti-ética; herética porque fere a lógica de Deus; herética porque é inconstitucional e por tudo isso flagrantemente injusta.
Ora! A desgraça humana começou no Éden: por causa da mulher — todos nós sabemos — mas também em virtude da ingenuidade, da tolice e da fragilidade emocional do homem.
Deus então, irado, vaticinou, para ambos. E para a mulher, disse:
“(…) o teu desejo será para o teu marido e ele te dominará (…)”
Por isso — e na esteira destes raciocínios — dou-me o direito de ir mais longe, e em definitivo! O mundo é masculino! A idéia que temos de Deus é masculina! Jesus foi Homem! Á própria Maria — inobstante a sua santidade, o respeito ao seu sofrimento (que inclusive a credenciou como “advogada” nossa diante do Tribunal Divino) — Jesus ainda assim a advertiu, para que também as coisas fossem postas cada uma em seu devido lugar: “que tenho contigo, mulher!?”.
Para ler mais sobre essa sentença, clique aqui ou aqui.
Ao que consta, o CNJ afastou o magistrado, em 2010, por dois anos. Talvez o ser já esteja prolatando novas sentenças lá pelas plagas de Minas Gerais...
Com a proximidade do verão, consumidoras já manifestam nas redes sociais o desejo de boicotar as marcas de cerveja que apresentarem a mulher-picanha em suas ações de marketing. Carla Alzamora, diretora de planejamento e líder do projeto de empoderamento feminino da Heads, acredita que o discurso da hipersexualização e objetificação ainda deve prevalecer. Este ano a agência organizou no primeiro semestre um estudo para “mapear de que forma gênero e raças são representados na publicidade, a fim de identificar possíveis padrões e estereótipos.” Vários clientes, segundo ela, passaram a pedir orientação sobre o tema desde então. “Há uma sensibilização com tema e as discussões acaloradas nas redes ajudam a colocar os argumentos de formas visíveis.
Foto: Portal Valor Econômico
Continue lendo a matéria clicando aqui.
Não é de hoje que se discute o assunto. A vulgarização da mulher, em especial na publicidade, decorre de vários fatores. O principal deles, a meu ver, é a sociedade machista (assim como racista e elitista). Publicidade é o meio utilizado para vender. Transmitir a sensação de poder faz vender. Uma coisa liga a outra. Não faltam exemplos no mundo inteiro de campanhas publicitárias ou meros anúncios com conotações sexistas ou machistas.
Isso até me fez lembrar de um magistrado que declarou a Lei Maria da Penha um monstrengo porque deus fez a mulher inferior ao homem. Alguns trechos:
Esta “Lei Maria da Penha” — como posta ou editada — é portanto de uma heresia manifesta. Herética porque é anti-ética; herética porque fere a lógica de Deus; herética porque é inconstitucional e por tudo isso flagrantemente injusta.
Ora! A desgraça humana começou no Éden: por causa da mulher — todos nós sabemos — mas também em virtude da ingenuidade, da tolice e da fragilidade emocional do homem.
Deus então, irado, vaticinou, para ambos. E para a mulher, disse:
“(…) o teu desejo será para o teu marido e ele te dominará (…)”
Por isso — e na esteira destes raciocínios — dou-me o direito de ir mais longe, e em definitivo! O mundo é masculino! A idéia que temos de Deus é masculina! Jesus foi Homem! Á própria Maria — inobstante a sua santidade, o respeito ao seu sofrimento (que inclusive a credenciou como “advogada” nossa diante do Tribunal Divino) — Jesus ainda assim a advertiu, para que também as coisas fossem postas cada uma em seu devido lugar: “que tenho contigo, mulher!?”.
Para ler mais sobre essa sentença, clique aqui ou aqui.
Ao que consta, o CNJ afastou o magistrado, em 2010, por dois anos. Talvez o ser já esteja prolatando novas sentenças lá pelas plagas de Minas Gerais...
Eles somos nós.
Assunto batido e, de tão batido, já meio aborrecido, chatinho. Ainda não me saiu do entendimento que os políticos eleitos são puro reflexo dos seus eleitores. Ou seja, os governantes e legisladores são, de fato, o povo. Se o povo se vende para votar nesse ou naquele, como exigir que eles não se vendam lá para votar assim ou assado?
Ah, por isso existe o bolsa-família! Para manter no governo quem já ocupa as principais cadeiras. Bom se fosse este nosso único problema. Jogar a responsabilidade para as classes mais pobres ou menos favorecidas é tampar o sol com a peneira. Quem nunca ouviu de algum amigo bem situado ou academicamente esclarecido que votaria nesse ou naquele por algum motivo que não um bom projeto político? Pois é! Eles estão lá por nossa causa, seja qual for a causa.
Infelizmente, é difícil ver uma luz no fundo do túnel que não seja o trem vindo ao contrário. Porém não se pode esmorecer. Resposta tão chatinha quanto o problema: educação com qualidade e investimento maciço na formação das crianças e jovens.
Senão, meus caros, as árveres somo nozes!
sexta-feira, 4 de dezembro de 2015
País adubado.
O Brasil é o país do futuro. Ouço isso desde meus dez anos, pelo menos. Lá se vão mais de 30!! O Brasil deveria ser o país do presente há 50 anos. O que falta? Todos sabemos e não vou aqui ficar discutindo o óbvio. Tento fugir desses assuntos, e pro texto de sexta eu queria, sinceramente, algo mais leve. Mas os fatos em notoriedade não me deixam.
Esse país está adubado, está pródigo em notícias surreais, fantasmagóricas ou apavorantes. Não sei nem o que comentar. A execução dos garotos pela polícia no Rio, a bagunça nas escolas de São Paulo, o vai-não-vai que parece que foi-mas-não-vai-muito Dilma/Cunha, evangélicos jogando sal no Rio Doce pra ver se o salvam, o próprio episódio em Mariana, tributação sobre o dinheiro devolvido com as operações da Lava-jato. Ficaria aqui o dia inteiro escrevendo sobre tudo o que acontece ou deixa de acontecer por essas plagas. Até porque nem sei qual é a pior ou a mais inusitada.
Mas hoje não, o sol deu uma espiada entre as nuvens, a chuva insiste em ficar e o final de semana está aí na porta. Então vou ficar só com a possibilidade de uma música que lembre praia, mar, tranquilidade, boas sensações.
quinta-feira, 3 de dezembro de 2015
Dilma e Collor ou Collor e Dilma: quem vai perder, todos nós já sabemos...
Eu fui um dos cara-pintadas lá nos idos de 1992, a caminhar pela Avenida Beira-mar de Florianópolis, entre a UFSC e a Catedral Metropolitana. Sim, eu fui. Só não pintei a cara, mas estava todo de preto num calor dos infernos. Foi bonito ver aquele povo todo se unindo em prol de uma causa, e com a esperança de que as coisas realmente mudassem. E mudaram. Já chego lá. Tempos depois me senti meio usado como massa de manobra (e não me entendam mal, mas Karl Marx já dizia, lá em 1800 e alguma coisa, que a opinião pública é a opinião da classe dominante desse povo. Parece-me que faz algum sentido, embora o prisma dele tenha sido revolucionário e o meu, agora, meramente observatório).
Voltando. Collor na berlinda. Muitas acusações e suspeitas, nem tantos elementos concretos. Outros tempos, sem internet, sem celulares, sem whatsapp. O caçador de marajás estava na alça de mira. Se do povo indignado ou dos políticos ou empresários contrariados, bem, cada um com suas conclusões. O fato é que o homem sofreu o impeachment e anos depois, renovado, tatuado e com alguns super-carros na garagem (tudo bem, ele nega que foram comprados com dinheiro de propina), posa de senador da República.
As coisas mudaram. Nesse meio tempo um sociólogo e um metalúrgico assumiram o poder. O primeiro esqueceu o que escreveu (ou pediram para que esquecessem) e o segundo esqueceu o que era ser pobre (fiquemos só com o Romanée Conti 1997 que bebeu com seu marqueteiro em 2002; não quero nem entrar na discussão das fortunas que dizem por aí). E agora como presidente temos Dilma Rousseff, a senhora dos ventos, ou senhora mandioca, ou o substantivo que vocês quiserem utilizar para adjetivar a chefe do executivo federal. Imagino, eu, que a pressão que ela deve estar sofrendo é algo inimaginável para nós, meros seres humanos mortais. Isso, com uma possível batelada de remédios tarja mais que pretas, é o que pode justificar esses desvarios de eloquência. Virou piada, infelizmente. Quando o maior mandatário do país vira piada, paradoxalmente temos que chorar, e não rir.
Mas as coisas mudaram, mesmo. Antes o instituto do impeachment foi utilizado como uma bandeira democrática pelo PT contra o corrupto Collor da Elba. Hoje o PT defende que é golpe utilizarem-se deste remédio contra um governo eleito democraticamente (ué? O do Collor não foi? - também não quero entrar na seara da sacanagem que a Globo fez com a edição do último debate entre Collor e Lula), não obstante as cifras bilionárias que aparecem a cada dia. E para demonstrar o quanto as coisas incrivelmente podem mudar, quem está do lado do PT tentando salvar a pele da presidente?: ele, o presidente impedido, Collor de Mello.
É, o mundo dá voltas. É redondo (apesar de eu ter descoberto recentemente que nem redondo é).
Bom, a questão é que o paladino da justiça (??!!), Eduardo Cunha, tecnicamente (ah, vá!) entendeu que a abertura do processo poderia se dar. Prerrogativa dele. Vamos ver o que seus pares dizem, até porque dois outros caciques paladinos da moralidade (??!!), embora da outra casa, estão com discursos divergentes, os nobres Jader Barbalho e Renan Calheiros.
Quem vai ganhar essa queda de braço, não sei. Quem vai perder, todos nós já sabemos...
Voltando. Collor na berlinda. Muitas acusações e suspeitas, nem tantos elementos concretos. Outros tempos, sem internet, sem celulares, sem whatsapp. O caçador de marajás estava na alça de mira. Se do povo indignado ou dos políticos ou empresários contrariados, bem, cada um com suas conclusões. O fato é que o homem sofreu o impeachment e anos depois, renovado, tatuado e com alguns super-carros na garagem (tudo bem, ele nega que foram comprados com dinheiro de propina), posa de senador da República.
As coisas mudaram. Nesse meio tempo um sociólogo e um metalúrgico assumiram o poder. O primeiro esqueceu o que escreveu (ou pediram para que esquecessem) e o segundo esqueceu o que era ser pobre (fiquemos só com o Romanée Conti 1997 que bebeu com seu marqueteiro em 2002; não quero nem entrar na discussão das fortunas que dizem por aí). E agora como presidente temos Dilma Rousseff, a senhora dos ventos, ou senhora mandioca, ou o substantivo que vocês quiserem utilizar para adjetivar a chefe do executivo federal. Imagino, eu, que a pressão que ela deve estar sofrendo é algo inimaginável para nós, meros seres humanos mortais. Isso, com uma possível batelada de remédios tarja mais que pretas, é o que pode justificar esses desvarios de eloquência. Virou piada, infelizmente. Quando o maior mandatário do país vira piada, paradoxalmente temos que chorar, e não rir.
Mas as coisas mudaram, mesmo. Antes o instituto do impeachment foi utilizado como uma bandeira democrática pelo PT contra o corrupto Collor da Elba. Hoje o PT defende que é golpe utilizarem-se deste remédio contra um governo eleito democraticamente (ué? O do Collor não foi? - também não quero entrar na seara da sacanagem que a Globo fez com a edição do último debate entre Collor e Lula), não obstante as cifras bilionárias que aparecem a cada dia. E para demonstrar o quanto as coisas incrivelmente podem mudar, quem está do lado do PT tentando salvar a pele da presidente?: ele, o presidente impedido, Collor de Mello.
É, o mundo dá voltas. É redondo (apesar de eu ter descoberto recentemente que nem redondo é).
Bom, a questão é que o paladino da justiça (??!!), Eduardo Cunha, tecnicamente (ah, vá!) entendeu que a abertura do processo poderia se dar. Prerrogativa dele. Vamos ver o que seus pares dizem, até porque dois outros caciques paladinos da moralidade (??!!), embora da outra casa, estão com discursos divergentes, os nobres Jader Barbalho e Renan Calheiros.
Quem vai ganhar essa queda de braço, não sei. Quem vai perder, todos nós já sabemos...
quarta-feira, 2 de dezembro de 2015
Por outro lado... STF rejeita queixa-crime de Lula contra o senador Ronaldo Caiado ante a imunidade parlamentar.
Fonte: Portal Conjur.
Ao dizer, no Facebook, que o ex-presidente Lula tem “postura de bandido, bandido frouxo”, o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) estava protegido pela imunidade parlamentar a suas opiniões e manifestações, como manda o artigo 53 da Constituição Federal. Foi o que decidiu nesta terça-feira (1º/12) a 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal. A decisão foi por três votos a um, vencido o ministro Marco Aurélio.
Lula ajuizou duas queixas-crime contra Caiado por causa de declarações feitas pelo senador no Facebook. Na primeira, Caiado diz: “Lula tem postura de bandido. E bandido frouxo! Igual à época que instigava metalúrgicos a protestar e ia dormir na sala do delegado Tuma. Lula e sua turma foram pegos roubando a Petrobras e agora ameaça com a tropa MST do Stédile e do Rainha para promover a baderna”.
Na segunda, o senador afirma que, “temendo ser preso pelos malfeitos que cometeu — disso ninguém mais duvida — Lula apresenta Habeas Corpus”.
O ex-presidente Lula é representado pelo advogado Cristiano Zanin Martins, para quem as declarações de Caiado extrapolaram a imunidade parlamentar. “A imunidade parlamentar não confere carta branca ao parlamentar para que ele possa desancar a honra e a imagem de terceiros”, disse, em sustentação oral.
Entretanto, o relator, ministro Luiz Edson Fachin, discordou. “No caso concreto, embora reprovável e lamentável o nível rasteiro com o qual as críticas à suposta conduta de um ex-presidente da República foram feitas pelo querelado, entendo que o teor das declarações, depuradas dos assaques, guardam pertinência com sua atividade parlamentar”, escreveu em seus votos.
O único a concordar com Lula foi o ministro Marco Aurélio. “Tempos de abandono de princípios, de perda de parâmetros, de inversão de valores. Cabe perguntar: aonde vamos parar? Num jargão carioca, digo que o cidadão querelado [Ronaldo Caiado] pegou pesado”, afirmou o ministro.
Ao dizer, no Facebook, que o ex-presidente Lula tem “postura de bandido, bandido frouxo”, o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) estava protegido pela imunidade parlamentar a suas opiniões e manifestações, como manda o artigo 53 da Constituição Federal. Foi o que decidiu nesta terça-feira (1º/12) a 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal. A decisão foi por três votos a um, vencido o ministro Marco Aurélio.
Lula ajuizou duas queixas-crime contra Caiado por causa de declarações feitas pelo senador no Facebook. Na primeira, Caiado diz: “Lula tem postura de bandido. E bandido frouxo! Igual à época que instigava metalúrgicos a protestar e ia dormir na sala do delegado Tuma. Lula e sua turma foram pegos roubando a Petrobras e agora ameaça com a tropa MST do Stédile e do Rainha para promover a baderna”.
Na segunda, o senador afirma que, “temendo ser preso pelos malfeitos que cometeu — disso ninguém mais duvida — Lula apresenta Habeas Corpus”.
O ex-presidente Lula é representado pelo advogado Cristiano Zanin Martins, para quem as declarações de Caiado extrapolaram a imunidade parlamentar. “A imunidade parlamentar não confere carta branca ao parlamentar para que ele possa desancar a honra e a imagem de terceiros”, disse, em sustentação oral.
Entretanto, o relator, ministro Luiz Edson Fachin, discordou. “No caso concreto, embora reprovável e lamentável o nível rasteiro com o qual as críticas à suposta conduta de um ex-presidente da República foram feitas pelo querelado, entendo que o teor das declarações, depuradas dos assaques, guardam pertinência com sua atividade parlamentar”, escreveu em seus votos.
O único a concordar com Lula foi o ministro Marco Aurélio. “Tempos de abandono de princípios, de perda de parâmetros, de inversão de valores. Cabe perguntar: aonde vamos parar? Num jargão carioca, digo que o cidadão querelado [Ronaldo Caiado] pegou pesado”, afirmou o ministro.
Continue lendo, clicando aqui (inclusive com as ligações para os votos).
STJ condena Carta Capital a indenizar em R$ 90 mil instituto por matéria jornalística ofensiva.
Fonte: Portal do STJ.
A Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) acompanhou o voto do ministro relator Luis Felipe Salomão e condenou (RESP 1.504.833/SP) a Editora Confiança Ltda, responsável pela revista Carta Capital, e o jornalista Leandro Fortes a indenizar em R$ 90 mil (valores atualizados) o Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP) em razão da publicação da matéria “Mendes é sócio de uma escola e mantém contratos sem licitação com órgãos públicos”, veiculada em 2008.
Segundo a defesa do instituto, o texto jornalístico tem caráter ofensivo e denegriu a imagem e a credibilidade do IDP, ao questionar a participação do ministro Gilmar Mendes, então presidente do Supremo Tribunal Federal, na sociedade do IDP, escola preparatória de Direito. A notícia abordou a compra do terreno, em Brasília, que abriga a escola.
Para o instituto, a Carta Capital atacou tanto o IDP como Gilmar Mendes, ao afirmar que a entidade se beneficiou de contratos obtidos por meio de manobras ilegais e do tráfico de influência dos seus dirigentes, a maioria deles ocupando altos cargos em diferentes esferas da União. Com esses contratos, informou a reportagem, o instituto recebeu R$ 2,4 milhões.
O ministro Luis Felipe Salomão abriu seu voto citando que a questão principal da ação “é saber se a matéria jornalística extrapola o direito de informar, causando dano à imagem de pessoas físicas e jurídicas”. Segundo ele, como não é possível a censura prévia, deve haver controle dos excessos e direito à reparação de possíveis danos. Ao ler, na sessão, trechos da reportagem, ele considerou que houve abuso do direito de criticar, atingindo a honra do instituto e do ministro Gilmar Mendes.
Para a advogada de defesa do jornalista, a reportagem decorre do interesse público, da veracidade e pertinência de seu conteúdo. Segundo ela, a reportagem foi feita com base em fatos verídicos e no direito de informar a população sobre temas de interesse público, não podendo ser vedado os direitos jornalísticos e à crítica.
Em 2010, a 34ª Vara Cível de São Paulo havia negado o pedido de indenização feito pelo instituto e a sua defesa recorreu da decisão. O TJSP confirmou a sentença, afirmando que não havia “propósito ofensivo” na notícia.
A Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) acompanhou o voto do ministro relator Luis Felipe Salomão e condenou (RESP 1.504.833/SP) a Editora Confiança Ltda, responsável pela revista Carta Capital, e o jornalista Leandro Fortes a indenizar em R$ 90 mil (valores atualizados) o Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP) em razão da publicação da matéria “Mendes é sócio de uma escola e mantém contratos sem licitação com órgãos públicos”, veiculada em 2008.
Segundo a defesa do instituto, o texto jornalístico tem caráter ofensivo e denegriu a imagem e a credibilidade do IDP, ao questionar a participação do ministro Gilmar Mendes, então presidente do Supremo Tribunal Federal, na sociedade do IDP, escola preparatória de Direito. A notícia abordou a compra do terreno, em Brasília, que abriga a escola.
Para o instituto, a Carta Capital atacou tanto o IDP como Gilmar Mendes, ao afirmar que a entidade se beneficiou de contratos obtidos por meio de manobras ilegais e do tráfico de influência dos seus dirigentes, a maioria deles ocupando altos cargos em diferentes esferas da União. Com esses contratos, informou a reportagem, o instituto recebeu R$ 2,4 milhões.
O ministro Luis Felipe Salomão abriu seu voto citando que a questão principal da ação “é saber se a matéria jornalística extrapola o direito de informar, causando dano à imagem de pessoas físicas e jurídicas”. Segundo ele, como não é possível a censura prévia, deve haver controle dos excessos e direito à reparação de possíveis danos. Ao ler, na sessão, trechos da reportagem, ele considerou que houve abuso do direito de criticar, atingindo a honra do instituto e do ministro Gilmar Mendes.
Para a advogada de defesa do jornalista, a reportagem decorre do interesse público, da veracidade e pertinência de seu conteúdo. Segundo ela, a reportagem foi feita com base em fatos verídicos e no direito de informar a população sobre temas de interesse público, não podendo ser vedado os direitos jornalísticos e à crítica.
Em 2010, a 34ª Vara Cível de São Paulo havia negado o pedido de indenização feito pelo instituto e a sua defesa recorreu da decisão. O TJSP confirmou a sentença, afirmando que não havia “propósito ofensivo” na notícia.
terça-feira, 1 de dezembro de 2015
Ok, ok, entendi; um peso e duas medidas: para o STJ é impossível adotar juros abusivos para devolver valores pagos indevidamente por consumidor a banco
Fonte: Portal do STJ.
A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) considerou impossível devolver a consumidor valores pagos indevidamente a instituição financeira, nos mesmos índices de juros abusivos antes fixados em contrato em favor do banco.
O entendimento do colegiado se deu ao julgar recurso do Banco Santander, sucessor do Banco América do Sul, contra uma empresa de veículos. A empresa entrou na Justiça pedindo a revisão de contratos firmados com o banco e a devolução dos valores pagos a mais, em virtude dos juros abusivos.
Conforme o processo, após perícia contábil, o laudo concluiu que a dívida já havia sido quitada pela empresa e que deveriam ser devolvidos os valores pagos indevidamente à instituição financeira. Nesse sentido, a sentença decretou a ilegalidade da capitalização de juros; limitou os juros remuneratórios em 12% ao ano; afastou a taxa referencial como índice de correção da dívida e reconheceu que era abusiva a margem financeira (spread) superior a 20% do custo de captação, substituindo-a pela aplicação simples.
A empresa pediu ainda que os valores pagos indevidamente fossem devolvidos a ela com base nos mesmos índices de juros previstos no contrato feito com o banco. O Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) deu atendeu ao pedido da empresa. Inconformado, o banco recorreu ao STJ, que considerou o pedido da empresa impossível.
De acordo com o ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, relator do recurso, permitir que incidam os mesmos índices de juros estabelecidos no contrato com o banco para devolver os valores à empresa “é malferir o teor do título judicial transitado em julgado e autorizar o enriquecimento sem causa”. Nesse sentido, o colegiado restabeleceu integralmente a sentença.
A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) considerou impossível devolver a consumidor valores pagos indevidamente a instituição financeira, nos mesmos índices de juros abusivos antes fixados em contrato em favor do banco.
O entendimento do colegiado se deu ao julgar recurso do Banco Santander, sucessor do Banco América do Sul, contra uma empresa de veículos. A empresa entrou na Justiça pedindo a revisão de contratos firmados com o banco e a devolução dos valores pagos a mais, em virtude dos juros abusivos.
Conforme o processo, após perícia contábil, o laudo concluiu que a dívida já havia sido quitada pela empresa e que deveriam ser devolvidos os valores pagos indevidamente à instituição financeira. Nesse sentido, a sentença decretou a ilegalidade da capitalização de juros; limitou os juros remuneratórios em 12% ao ano; afastou a taxa referencial como índice de correção da dívida e reconheceu que era abusiva a margem financeira (spread) superior a 20% do custo de captação, substituindo-a pela aplicação simples.
A empresa pediu ainda que os valores pagos indevidamente fossem devolvidos a ela com base nos mesmos índices de juros previstos no contrato feito com o banco. O Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) deu atendeu ao pedido da empresa. Inconformado, o banco recorreu ao STJ, que considerou o pedido da empresa impossível.
De acordo com o ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, relator do recurso, permitir que incidam os mesmos índices de juros estabelecidos no contrato com o banco para devolver os valores à empresa “é malferir o teor do título judicial transitado em julgado e autorizar o enriquecimento sem causa”. Nesse sentido, o colegiado restabeleceu integralmente a sentença.
Primeiramente
Tempos atrás discutia com minha filha sobre o uso do advérbio primeiramente, inclusive se existia ou
não. Na realidade, nunca fui muito simpático ao uso dessa palavra, e sempre que surgia no pensamento, eu a evitava, fosse no papel, fosse no verbal. Em verdade, jamais havia ido pesquisar mais a fundo o assunto, ficando com aquela sensação de que ela não enobrecia o mundo erudito da língua portuguesa. E o assunto voltou à tona para mim lendo TCCs nestas últimas semanas. Estava lá um "primeiramente", belo e formoso (ou não tão belo e formoso na minha visão).
Para não cometer nenhuma injustiça, fui ao encalço do dito advérbio. De todas as fontes procuradas, eu me diverti mais com a explicação abaixo, do site Sua Língua, de Cláudio Moreno:
Não acredito em fantasma, bruxa, alma penada ou horóscopo — mas mesmo sendo o cético incorrigível que sou, não poderia negar a existência dos sacis, por exemplo, se eu os visse todos os dias saltitando pela rua, dando entrevista na TV ou esperando sentados (sem cruzar a perna, é claro) na fila do Dr. Scholl. Aos que me perguntassem, então, eu teria de admitir, envergonhado: “Saci existe, sim!”, pois essa é a lógica do jogo: se me incluo entre aqueles que precisam ver para crer, não tenho outro remédio senão acreditar naquilo que estou vendo.
Pois vários leitores já me escreveram sobre gente que anda por aí questionando a existência da palavra primeiramente. As razões alegadas são tiradas das unhas dos pés: “Não existe porque primeiro é um numeral e não pode formar advérbio”; “Se existisse, teríamos também segundamente, terceiramente“, e outras coisas assim, formuladas naquele estilo onipotente em que jamais se ouve um “acho”, um “parece-me”, um “poderíamos até pensar”, expressões que caracterizam a dúvida inteligente.
Antes de responder, faço sempre uma visita ao Google, nosso moderno oráculo de Delfos, agradecendo aos deuses da internet esta fantástica possibilidade de obter dados instantâneos sobre os hábitos lingüísticos do Brasil moderno. O que ele nos diz? Que o vocábulo primeiramente alcança muito mais de onze milhões de ocorrências! Um número de oito dígitos! É uma cifra gigantesca! Mas como é que alguém poderia negar a existência dos sacis, depois de encontrar o registro de onze milhões desses irrequietos serezinhos? Haveria alguém com a coragem de olhar para um vocábulo que aparece todo dia no rádio, no jornal, na TV, nos nossos próprios textos, na nossa conversa com o vizinho, e dizer-lhe, nas barbas, que ele não existe? Suspeitando de um mal-entendido — pois conheço alguns desses autores e sei que, apesar de atrasados e autoritários, não cometeriam a imprudência de negar algo que lhes entra pelos olhos e ouvidos todos os dias —, resignei-me, em nome da ciência, a ler o que eles tinham escrito sobre este termo. Bingo! Estava lá! O problema são os vários sentidos dados ao verbo existir!
Quando o cristão encontra uma palavra que nunca tinha visto, a pergunta “Isso existe” deve ser tomada ao pé da letra: “Existe papibaquígrafo?” — “Não; é uma brincadeira, um trava-línguas, como um ninho de mafagafos“. “E vápido, existe?” — “Sim; significa sem sabor, sem gosto”. No caso de primeiramente, contudo, palavra que todos nós conhecemos, quem pergunta “Isso existe?” se refere especificamente à aceitabilidade do termo, o que deve ser traduzido como “Posso usar esta palavra num texto bem-comportado? Posso incluí-la numa redação, num relatórios, num discurso de formatura?”. Isso nos leva a outra questão: sendo a língua culta uma espécie de clube selecionado, o que é necessário para que uma palavra faça parte da lista? Embora atuem aqui alguns fatores até hoje desconhecidos, sabemos que é decisiva a frequência com que a palavra é usada na literatura, a utilidade que ela tem para os usuários e a amplitude de seu emprego (ela perde pontos se estiver restrita a grupo fechados, ou a pequenos rincões do país, ou a épocas limitadas). Em todos esses quesitos, o nosso primeiramente passa com distinção. Encontramos registros de seu emprego desde o século 13; ele aparece dezenas de vezes na obra de Gil Vicente, Bernardes, Vieira, Herculano, Camilo, Garret, Eça de Queirós, Rui Barbosa, Machado de Assis, Gilberto Freyre, Guimarães Rosa, Saramago e muitos outros autores conhecidos e respeitados. Com todos esses padrinhos, não dá para dizer que ele “não existe”…
Como se não bastasse, é um advérbio legítimo, formado, como todos os outros, pelo acréscimo do elemento – mente ao adjetivo primeiro (que aqui não é numeral, como pensam os seus adversários) — o que, aliás, permitiu que Darcy Ribeiro utilizasse o superlativo que existe potencialmente em qualquer adjetivo: “contribuiu para o planejamento e concretização da UNB, primeirissimamente, Anísio Teixeira”. Seguindo o mesmo modelo formaram-se, como seria de esperar, segundamente, terceiramente, quartamente, decimamente, mas estas formas não caíram no nosso gosto, ficando limitadas a alguns poucos textos do português antigo. Ainda hoje se encontra, aqui e ali, um milesimamente (Mia Couto), ou se fala em “dispositivos baseados em moléculas, milionesimamente menores do que um milímetro”, mas isso é uma ninharia se pensarmos nos onze milhões de ocorrências de primeiramente, palavra viva, vivíssima, que já estava lá, serena, no primeiro texto que foi escrito neste país: “Neste dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra! Primeiramente dum grande monte, mui alto e redondo; e doutras serras mais baixas ao sul dele”. O autor é Caminha. Pero Vaz de Caminha. Acho que isso encerra a discussão.
não. Na realidade, nunca fui muito simpático ao uso dessa palavra, e sempre que surgia no pensamento, eu a evitava, fosse no papel, fosse no verbal. Em verdade, jamais havia ido pesquisar mais a fundo o assunto, ficando com aquela sensação de que ela não enobrecia o mundo erudito da língua portuguesa. E o assunto voltou à tona para mim lendo TCCs nestas últimas semanas. Estava lá um "primeiramente", belo e formoso (ou não tão belo e formoso na minha visão).
Para não cometer nenhuma injustiça, fui ao encalço do dito advérbio. De todas as fontes procuradas, eu me diverti mais com a explicação abaixo, do site Sua Língua, de Cláudio Moreno:
Não acredito em fantasma, bruxa, alma penada ou horóscopo — mas mesmo sendo o cético incorrigível que sou, não poderia negar a existência dos sacis, por exemplo, se eu os visse todos os dias saltitando pela rua, dando entrevista na TV ou esperando sentados (sem cruzar a perna, é claro) na fila do Dr. Scholl. Aos que me perguntassem, então, eu teria de admitir, envergonhado: “Saci existe, sim!”, pois essa é a lógica do jogo: se me incluo entre aqueles que precisam ver para crer, não tenho outro remédio senão acreditar naquilo que estou vendo.
Pois vários leitores já me escreveram sobre gente que anda por aí questionando a existência da palavra primeiramente. As razões alegadas são tiradas das unhas dos pés: “Não existe porque primeiro é um numeral e não pode formar advérbio”; “Se existisse, teríamos também segundamente, terceiramente“, e outras coisas assim, formuladas naquele estilo onipotente em que jamais se ouve um “acho”, um “parece-me”, um “poderíamos até pensar”, expressões que caracterizam a dúvida inteligente.
Antes de responder, faço sempre uma visita ao Google, nosso moderno oráculo de Delfos, agradecendo aos deuses da internet esta fantástica possibilidade de obter dados instantâneos sobre os hábitos lingüísticos do Brasil moderno. O que ele nos diz? Que o vocábulo primeiramente alcança muito mais de onze milhões de ocorrências! Um número de oito dígitos! É uma cifra gigantesca! Mas como é que alguém poderia negar a existência dos sacis, depois de encontrar o registro de onze milhões desses irrequietos serezinhos? Haveria alguém com a coragem de olhar para um vocábulo que aparece todo dia no rádio, no jornal, na TV, nos nossos próprios textos, na nossa conversa com o vizinho, e dizer-lhe, nas barbas, que ele não existe? Suspeitando de um mal-entendido — pois conheço alguns desses autores e sei que, apesar de atrasados e autoritários, não cometeriam a imprudência de negar algo que lhes entra pelos olhos e ouvidos todos os dias —, resignei-me, em nome da ciência, a ler o que eles tinham escrito sobre este termo. Bingo! Estava lá! O problema são os vários sentidos dados ao verbo existir!
Quando o cristão encontra uma palavra que nunca tinha visto, a pergunta “Isso existe” deve ser tomada ao pé da letra: “Existe papibaquígrafo?” — “Não; é uma brincadeira, um trava-línguas, como um ninho de mafagafos“. “E vápido, existe?” — “Sim; significa sem sabor, sem gosto”. No caso de primeiramente, contudo, palavra que todos nós conhecemos, quem pergunta “Isso existe?” se refere especificamente à aceitabilidade do termo, o que deve ser traduzido como “Posso usar esta palavra num texto bem-comportado? Posso incluí-la numa redação, num relatórios, num discurso de formatura?”. Isso nos leva a outra questão: sendo a língua culta uma espécie de clube selecionado, o que é necessário para que uma palavra faça parte da lista? Embora atuem aqui alguns fatores até hoje desconhecidos, sabemos que é decisiva a frequência com que a palavra é usada na literatura, a utilidade que ela tem para os usuários e a amplitude de seu emprego (ela perde pontos se estiver restrita a grupo fechados, ou a pequenos rincões do país, ou a épocas limitadas). Em todos esses quesitos, o nosso primeiramente passa com distinção. Encontramos registros de seu emprego desde o século 13; ele aparece dezenas de vezes na obra de Gil Vicente, Bernardes, Vieira, Herculano, Camilo, Garret, Eça de Queirós, Rui Barbosa, Machado de Assis, Gilberto Freyre, Guimarães Rosa, Saramago e muitos outros autores conhecidos e respeitados. Com todos esses padrinhos, não dá para dizer que ele “não existe”…
Como se não bastasse, é um advérbio legítimo, formado, como todos os outros, pelo acréscimo do elemento – mente ao adjetivo primeiro (que aqui não é numeral, como pensam os seus adversários) — o que, aliás, permitiu que Darcy Ribeiro utilizasse o superlativo que existe potencialmente em qualquer adjetivo: “contribuiu para o planejamento e concretização da UNB, primeirissimamente, Anísio Teixeira”. Seguindo o mesmo modelo formaram-se, como seria de esperar, segundamente, terceiramente, quartamente, decimamente, mas estas formas não caíram no nosso gosto, ficando limitadas a alguns poucos textos do português antigo. Ainda hoje se encontra, aqui e ali, um milesimamente (Mia Couto), ou se fala em “dispositivos baseados em moléculas, milionesimamente menores do que um milímetro”, mas isso é uma ninharia se pensarmos nos onze milhões de ocorrências de primeiramente, palavra viva, vivíssima, que já estava lá, serena, no primeiro texto que foi escrito neste país: “Neste dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra! Primeiramente dum grande monte, mui alto e redondo; e doutras serras mais baixas ao sul dele”. O autor é Caminha. Pero Vaz de Caminha. Acho que isso encerra a discussão.
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