Texto do Blog da Cidadania, de Eduardo Guimarães.
Se existe algum mandamento primordial do bom jornalismo deve ser o de seus militantes estarem permanentemente obrigados a se questionarem sobre se não estão incorrendo naquele que também deve ser o maior pecado de tão nobre ofício, o de jornalistas permitirem que as próprias opiniões se confundam com os fatos.
A nota divulgada por Verônica Serra na última segunda-feira a pretexto de responder às acusações do livro A Privataria Tucana, assim, suscitou questionamentos que em tudo se assemelham aos esgrimidos contra Fábio Luís Lula da Silva, que a mídia e os adversários do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamam de “Lulinha” ao acusarem-no de ter feito tráfico de influência durante o mandato do pai.
É um fato irretorquível, no entanto, que o comportamento da mídia em relação aos filhos de Lula e de Serra é totalmente diferente. Tal fato foi bem explicado pela ombudsman da Folha de São Paulo, Suzana Singer, em crítica interna de sua autoria que vazou recentemente. Ela questiona o jornal por dispensar tratamento diferenciado a casos semelhantes.
Suzana, com base no livro da privataria, pergunta por que Verônica Serra e o marido têm offshores, se a Folha não deveria questioná-los e por que o jornal não noticiou que Alexandre Bourgeois, marido de Verônica, foi condenado por dever ao INSS. Ao fim, considera que o jornal foi “muito rigoroso” com filho de Lula e que não está sendo com a filha de Serra.
Todavia, se retiramos do quadro esse partidarismo escandaloso da mídia restam questionamentos tanto a Fábio Luís quanto a Verônica, para não falar em seus pais. E nessa equação nova que se constrói sozinha caberia, ainda, o filho do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Paulo Henrique Cardoso, além de centenas ou milhares de filhos, esposas, pais, irmãos, tios, sobrinhos e o que mais se quiser de políticos com mandatos eletivos em todos os níveis.
Contudo, há que fazer distinção da boa vontade natural que ser filho de políticos influentes desperta do que é uso desses filhos por políticos corruptos para esquentarem o produto de roubo de dinheiro público ou do mero favorecimento daquele político à ascensão profissional e social de seus parentes via tráfico de influência.
É preciso, portanto, comparar os casos envolvendo os filhos do Poder porque não adianta petistas e tucanos ficarem se acusando sem levarem em conta que há telhados de vidro para todo lado. Se eu só falo dos problemas do filho de Lula e não falo dos problemas da filha de Serra ou vice e versa, apenas engano a mim mesmo. Disso, este blogueiro está fora.
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Um comentário:
Curtindo seu cantinho =)
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