Pelo menos parece ser esse o pensamento do Governo do Estado.
É sabido, há muito tempo, que o presídio regional de Jaraguá do Sul está superlotado e sem condições físicas de suportar o número de detentos que lá estão. Em uma contagem no dia de ontem (e esse número varia diariamente) havia 324 presos para um prédio construído inicialmente para 76. Não fosse o Conselho Penitenciário da cidade, com seus esforços hercúleos para tentar administrar esse rabo de foguete, o problema seria ainda maior. Recentemente, através do trabalho conjunto da ACIJS, OAB, AEJAS, e outras entidades, capiteneadas pelo Conselho, foi entregue uma ala com 100 vagas para mulheres.
O ápice do problema, contudo, já vinha sendo previstos há meses: rebeliões e tentativas de fugas. Em 13 anos a primeira rebelião aconteceu nessa última virada de ano. E essa semana foi descoberto um túnel já em adiantado estado de "construção" para tentativa de fuga.
Há, nesse presídio, mais de 200 condenados que não deveriam estar ali, e, sim, em penitenciárias. O Estado não se mexe, e quando é cobrado responde singelamente: "Não há vagas em nenhum lugar. Está tudo lotado ou superlotado". Ou seja: nada. Por isso tem-se essa impressão que preso não é gente, pelo menos para o Estado.
Esquecem-se, todos, que prisão não é amontado de lixo. Esquecem-se, todos, que um dia esses presos sairão de suas celas para a sociedade, e que se não os prepararmos, voltarão à criminalidade em índices muitos maiores do que se fosse feito um trabalho de reeducação e preparação para o trabalho. Mas com uma superlotação dessas, por maiores que sejam os esforços dos conselhos comunitários, torna-se uma tarefa praticamente impossível.
Em uma próxima oportunidade voltarei ao assunto, inclusive falando do belo e árduo trabalho desenvolvido pelas assistentes sociais do CRER (profissionais, estas, cedidas por empresas da região, o que demonstra, mais uma vez, que o caos seria ainda maior se ficássemos à espera do cumprimento das obrigações pelo Estado que tantos tributos nos cobra).
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