Bacafá

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terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Matar para não morrer.

Trata-se de um resgate histórico bem escrito por Mary Del Priore.

Com interessantes apontamentos da época...


"Havia uma preocupação em educar a juventude em todo o país. A campanha em prol da escola seria 'tão santa quanto a da escravatura'. Era a abolição da ignorância insistia o conhecido político Rui Barbosa. Havia que se combater a 'casta de ignorantes', evitando estabelecer 'a inferioridade de uns sobre outros desde a meninice'."

... a autora descreve em uma versão imparcial a vida de Dilermando de Assis, amante de Ana da Cunha (dona Saninha) e assassino de Euclides da Cunha. Fica demonstrado e bastante claro que se tratou de legítima defesa e não um homícidio premeditado como boa parte da imprensa do início do século passado defendeu.

Embora absolvido, a sociedade sempre o tratou de maneira discriminatória por conta do episódio, agravado pela morte do filho mais velho do escritor Euclides da Cunha também por suas mãos, quando, por trás, tentou vingar a morte do algoz de seu pai.

Outro drama que acompanhou a vida de Dilermando foi o destino que acolheu seu irmão Dinorah. Tentando defender seu irmão do atentado de Euclides da Cunha, Dinorah ficou com uma bala alojada próxima à espinha. Era considerado um dos melhores jogadores do Botafogo campeão de 1910, apesar da pouca idade. Sua saúde progressivamente debilitada por causa da bala levou-o à cadeira de rodas e ao suicídio com apenas32 anos de idade.

Apesar de tudo o que sofreu, dentro do seu conceito de honra e brio, Dilermando, sob pressão, quando tentava, muitos anos depois dos episódios, ainda esclarecer que foi tão vítima quanto todos, demonstrou seu caráter talhando"envelheço, mas não envileço".

A leitura desse livro nos permite tirar a conclusão de quem foi o verdadeiro responsável de um dos crimes mais comentados dos século XX no Brasil, do qual resultou a morte do festejado escritor de Os Sertões. Pode ter sido o próprio Dilermando, Euclides da Cunha ou a mulher pivô do amor dos dois, dona Saninha.

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