Nada como começar o ano literariamente bem acompanhado. E José Saramago é um excelente companheiro. Há cinco anos comecei a ler O homem duplicado e por conta daquelas circunstâncias que não se explicam e livros lidos ao mesmo tempo acabei não terminando, embora a leitura estivesse adiantada. Pois bem, acabou. Ou acabei.
Esse (como sói ocorrer com todos os textos de Saramago) é o típico livro que não se encerra com a última linha. O que eu faria se, do nada, encontrasse uma pessoa exatamente igual a mim? Não um gêmeo perdido, mas um igual, um absolutamente igual, inclusive nas cicatrizes? O que você faria?
Em tempos de superexposição na internet e avalanches de selfies, onde nossa identidade volta e meia se perde dada a necessidade generalizada de sermos todos bonitos e felizes, e onde queremos ser diferentes sendo iguais a todo mundo, essa hipótese se torna ainda mais enigmática.
Entretanto, cometi um pecado. Vi o filme O homem duplicado já em seguida (com Jake Gyllenhall, e direção do atualmente festejado Denis Villeneuve). A película não é ruim, não mesmo. Mas falta a intensidade das personagens da caneta de Saramago - o que é perfeitamente natural. A angústia do filme não chega aos pés da expectativa das páginas.
Se quiser ver um bom filme (não um filme booommm), é uma sugestão - só não me pergunte da aranha. Se quiser ler um livro denso, melhor que o filme, recomendo. Se optar pelos dois, leia o livro antes.
Ao longo da semana repassarei alguns trechos do livro. Sem spoiler.
2 comentários:
Bela forma de começar um ano, com um livro de Saramago!
E despertou minha curiosidade, vou procurar este livro, pois O Homem Duplicado ainda não conheço.
Tenha um ótimo ano de 2017!
Vale a pena, Mari.
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