Bacafá

Bacafá

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Autoridade.

Onde a lei não cria obstáculos
coloco labirintos.

Francisco Alvim
(in Poesia Marginal, editora Ática)


Discordância

Dizem que quem cala consente
eu por mim
quanto calo dissinto
quando falo
minto

Francisco Alvim
(idem)


É proibido pisar na grama

O jeito é deitar e rolar

Chacal
(idem)

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Os ciclistas e suas máquinas maravilhosas.

Os ciclistas, ah, os ciclistas. Assim como motoristas, motociclistas e pedestres, há ciclistas de todos os tipos e naipes. Inclusive idiotas. O que dizer, por exemplo, dos ciclistas que conseguem andar do outro lado da rua, na contramão, com uma ciclofaixa lá berrante e berrando para que passem sobre ela continuamente? Ou mesmo uma ciclovia, ainda mais segura?

Por que alguns ciclistas teimam em se sobrepor às regras e achar que riscos são apenas para os outros? E com isso, arriscam, também, a vida de quem nada a ver tem com a história. Presenciei, poucos anos atrás, um ciclista que bateu num veículo que estava, vagarosamente diga-se, entrando na via principal de mão única, e ainda ficou xingando o motorista. O detalhe que não me escapou: havia uma ciclofaixa respeitável do outro lado da rua. Pior foram outros transeuntes, desinformados, tomando as dores do dolorido ciclista irresponsável. E muitos exemplos eu poderia dar aqui, assim como cada um dos leitores.

Que não me venham, também, com a ladainha de que não há ciclofaixas na cidade inteira. Desafio qualquer um a me provar que exista algum município do mundo nesta condição. Nos cruzamentos mais perigosos, a atenção deve ser de todos, não apenas dos motoristas. Aprendi, desde cedo, já que meus pais me ensinaram, que entre um automóvel e eu, num choque, quem vai levar a pior sou eu (a não ser que eu seja aquele menino que o carro passou por cima e ele ficou com apenas alguns arranhões, outro dia). De bicicleta a mesma coisa. De moto provavelmente a mesma coisa também. O velho ditado “quem tem, tem medo” cabe muito bem aqui.

Não que não haja motoristas desatentos ou desrespeitosos. Há, sim, e muitos. Semana passada falei um pouco de algumas espécies deles. Mas por uma questão de instinto de sobrevivência, cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém.

De todo modo, está lá na lei: Nas vias urbanas e nas rurais de pista dupla, a circulação de bicicletas deverá ocorrer, quando não houver ciclovia, ciclofaixa, ou acostamento, ou quando não for possível a utilização destes, nos bordos da pista de rolamento, no mesmo sentido de circulação regulamentado para a via, com preferência sobre os veículos automotores. No mesmo sentido. Se todos seguirem a lei, sustos e acidentes provavelmente diminuirão. Ademais, todos são responsáveis por todos para a segurança do trânsito.

Já andei muito de bicicleta, e hoje ando mais de carro do que a pé. Vivenciei todos os lados, e sei que o melhor é que respeitemos as leis e os outros e que prestemos a atenção necessária sempre. Do contrário muitos ossos e vidas serão perdidos.

Relembrando uma boa banda.

Aos navegantes, aviso: gostei do disco todo.



segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

STJ nega liminar para que autoridade julgue pedido de reconsideração em PAD.

O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Felix Fischer, negou liminar em mandado de segurança para que o ministro do Desenvolvimento Agrário julgasse o pedido de reconsideração da demissão de um servidor.

No mandado de segurança, o servidor pede a anulação da Portaria 78, com a alegação de que a autoridade não considerou o pedido feito no processo administrativo disciplinar movido contra ele.

Em análise preliminar do mandado de segurança, o ministro Fischer entendeu que não houve demonstração de recusa da autoridade em se manifestar sobre os pedidos de revisão e anulação do ato administrativo que lhes foram dirigidos.

Os protocolos das petições de reconsideração datam de 4 de outubro e 29 de outubro de 2013, o que, na análise de Fischer, não caracteriza, em princípio, excessiva demora na análise. O mérito do mandado de segurança deve ser analisado pela Primeira Seção do STJ, sob a relatoria do ministro Sérgio Kukina.

O pedido de reconsideração está fundamentado no artigo 174 da Lei 8.112/90 e tem a finalidade de anular a portaria que demitiu o servidor. Esse artigo dispõe que o processo disciplinar pode ser revisto a qualquer tempo quando ocorrerem fatos novos ou circunstâncias suscetíveis de justificar a inocência do punido ou a inadequação da penalidade aplicada.

O servidor teria violado os incisos XI e XIII do artigo 132 e incisos IX e XII do artigo 117 da Lei 8.112. Esses artigos dispõem sobre a revelação de segredo obtido em razão do cargo, acumulação indevida de funções e recebimento de vantagem indevida pelo servidor, em razão de suas atribuições. O servidor é acusado de se valer do cargo para lograr proveito pessoal em detrimento da dignidade da função pública.

A defesa do servidor sustenta no mandado de segurança que a portaria que o demitiu violou os princípios da ampla defesa e do devido processo legal. Alega ainda que a notificação para apresentação da defesa não individualizou o ilícito e que a defesa prévia foi apresentada antes da produção das provas da acusação.

Outro argumento é que teria ocorrido prescrição administrativa, uma vez que o processo disciplinar dispõe sobre fatos ocorridos em 2004 e a pena de demissão foi aplicada em 2013, nove anos após o conhecimento dos fatos. A pena de demissão feriria o artigo 110 da Lei 8.112, que prevê prazo quinquenal de aplicação de pena disciplinar.

Fonte: Portal do STJ.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

A volta dos que não foram: os idiotas.

Pois é. Sai ano, entra ano, e aqueles que nós gostaríamos que não voltassem mais, na realidade, nem saíram muito de perto. Os idiotas, que, em outros tempos, nada longínquos, eu chamava de "seres". Como fineza não é das minhas maiores qualidades, infelizmente, posso passar por mal educado, estúpido, grosseiro (posso não, passo muitas vezes).

Mas a intenção é boa. Algo como aquela invencionice de "inveja boa" ou "inveja branca". Ué, inveja não é pecado? Capital, ainda por cima!! Invejou, vai frequentar um dos círculos do inferno. Na realidade, segundo Dante (o Alighieri, não o zagueiro do Bayern de Munique), em a Divina Comédia, os invejosos não vão bem pro inferno; vão pro purgatório, mais exatamente no seu segundo círculo. Na realidade, não sei o que é pior: o inferno ou o purgatório, embora digam que neste ainda há esperança. E aqui sou obrigado a relembrar Nietzsche, que dizia que "a esperança é o pior dos males, pois prolonga o sofrimento do homem" ou algo assim. E com sumidades como estas eu não discuto. Na realidade, ultimamente também não tenho discutido com imbecis e idiotas. Pura perda de tempo.

De todo modo, não preciso me preocupar. Acredito que minha passagem para o inferno está garantida, e direto pro sexto círculo. Isso se eu não parar no tal do ante-inferno, local onde ficam as almas recusadas tanto por deus quanto pelo diabo. A vantagem se eu for para o inferno é que, provavelmente, muitos dos meus amigos estarão ali pelos círculos vizinhos, e espero conseguir dar uma passeada com boa frequência no segundo e no oitavo. Mas queria mesmo é ir pro sétimo do purgatório Seria, no mínimo, divertido. Outra vantagem é que se eu estiver certo, não vou pro sexto círculo do inferno, nem pra círculo nenhum, pois não existiriam. Vou ter que esperar para saber, ou não saber (mais provável).

Gosto de Dante e de Nietzsche. Foi bom lembrar deles nesse texto. Devem estar contentes comigo lá nos círculos infernais. Mas não era deles que queria falar quando comecei a escrever hoje. Era dos idiotas (falando nisso, não lembro dos idiotas em círculo algum; devem ficar também no ante-inferno - que droga, já não posso mais ir pra lá).

Hoje falo dos tais motoristas que acham que pisca-alerta transforma seu veículo em avião da Mulher-Maravilha, aquele invisível (e que nunca entendi como ela - e só ela - encontrava). Sei, sei, amigo leitor, entediado leitor, que já assuntei isso por aqui mais de uma vez. Porém, se eu pudesse, juro que explodia cada carro que visse parado na ciclofaixa "só pra apanhar alguém rapidinho", "só pra descarregar rapidinho", "só pra esperar o nosso lindo balão azul sair detrás de uma nebulosa rapidinho". Agora também, os aviões da Mulher-Maravilha, com seus mágicos dispositivos pisca-alerta, estão tomando conta do estacionamento rotativo. Ou então é um código não escrito que se traduz em "não me multe, estou com o pisca-alerta ligado e você não está vendo meu carro porque se transformou num avião invisível e eu sou a Mulher-Maravilha de barba e calça mostrando a bunda porque estou disfarçada para o Super-Homem não saber que vou rapidinho nessa loja aqui na frente". Talvez, sei lá, pode ser isso.

Eu deveria falar também de outros tipos de idiotas: aquele que pensa que acostamento é terceira pista, ou aquele que não respeita a fila de veículos pra furá-la lá na frente porque é mais esperto que todo mundo. Mas começa a me dar urticária só de lembrar. Por hoje chega. Semana que vem quero ver se lembro de tratar dos ciclistas e dos pedestres.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Contos de quinta (verão): O corredor.

Todos os dias ele corria na areia. Acordava cedo, fazia um desjejum leve, preparava o par de tênis, e ia para a praia. Quando chegava o silêncio era quase absoluto, quebrado apenas pelas ondas do mar e um ou outro grito dos pescadores adiante. Normalmente, nem o sol estava totalmente despontado. O maral fazia-o franzir de vez em quando, assim como o suor correndo pelas têmporas.

A maresia, meio gosto, meio cheiro, era um de seus estimulantes. Seu ritmo sempre era constante, e para isso corria sempre na parte dura da areia, tentando evitar a água que às vezes procurava beliscá-lo. Mas não se importava com os respingos que lhe alcançavam.

Não falhava um dia. Poderia ser feriado, final de semana, estar quente, frio ou chovendo. Poderia até ter tomado um porre na noite anterior, lá estava ele correndo na manhã seguinte. Todos se espantavam com seu empenho, sua dedicação, sua vontade. Os anos passavam, e lá estava ele correndo cedo na praia. Até os pescadores conheciam o corredor.

A inspiração maior, porém, e que não se sabe se mais alguém sabia, mais do que a maresia, mais do que o sorriso das pessoas pelas quais passava, mais do que a pele bronzeada, mais do que o físico em dia, mais do que o visual maravilhoso daquela praia, mais do que qualquer argumento sobre os benefícios deste tipo de atividade, era ela.

Assim como ele corria todas as manhãs, todas as manhãs estava ela sentada num banco incrustado nas pedras no fim da praia. Algumas vezes protegida pela sombra das árvores, outras pela brisa do mar. Todas as manhãs.

Não, não se perceberam imediatamente, como nos contos de fadas. Foram algumas corridas até os olhares se cruzarem, outras tantas para os sorrisos se abrirem. E mais um bom tempo para sentimentos mais fortes aparecerem. Agora essa era a diária e matinal motivação dele. Seu coração cedo já acelerava ao pisar seus pés calçados na areia. O dia anterior poderia ter sido um caos. A noite uma tragédia. Tudo sumia, tudo era sublevado quando dava o primeiro passo da corrida. O mundo parava por aqueles diários e ritmados seis quilômetros e meio de corrida até as pedras da ponta.

Dia após dia, semana após semana, mês após mês, ano após ano. Não falhavam as trocas de olhares, não falhavam os sorrisos largos, sinceros e apaixonados; ela sentada sempre no mesmo lugar aguardando sua chegada, ele correndo sempre em sua direção. Só lhes falta coragem.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Fim do dia.

Foto de Gabriela, da sacada do nosso apartamento.


A pedidos: a receita.

A pedidos, segue a receita do BACAFÁ, prato que dá nome ao blog.

Ingredientes:

Banana
Carne moída
Farinha de mandioca
Sal, bacon, azeite e margarina (e eventuais outros condimentos ao gosto do cozinheiro).

Modo de Preparo:

Primeiro prepare a carne moída, refogando-a a seu modo e gosto, assim como a farofa. Frite as bananas em tiras e coloque-as numa travessa, cobrindo todo o fundo. Em cima das bananas acrescente a carne moída e na última camada a farofa.
Sirva quente.

E bom proveito!!

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Punir pra que?

"Aquilo que chamamos de sanção penal não é, no fundo, senão uma defesa exercida por indivíduos para cujo lugar nós podemos nos transportar em espírito, contra outros cujo lugar não queremos nos colocar".

Jean-Marie Guyau, in Crítica da ideia de sanção (original de 1883, edição da Martins Fontes de 2007).

Ele coloca, mais adiante, ainda:

"Só com o tempo o homem percebe que não é mesmo útil, para sua conservação pessoal, proporcionar a pena infligida ao sofrimento recebido. Ele tende, portanto - e tenderá cada vez mais, no futuro -, a diminuir a pena. Economizará os castigos, as prisões e as sanções de todo tipo. (...). Assim, quanto mais avançamos, mais a verdade teórica impõe-se até mesmo às massas e modifica a necessidade popular de castigo. Hoje, quando a sociedade castiga, não é nunca pelo ato que foi cometido no passado, mas é por aqueles que o culpado ou outros, seguindo seu exemplo, poderiam cometer no futuro."

O cara escreveu no século XIX! Vale como reflexão. Recomendo o livro.

Arquivamento equivocado de sindicância não impede instauração de PAD.

O anterior arquivamento equivocado de uma sindicância não impede a instauração de Processo Administrativo Disciplinar (PAD) sobre um mesmo fato, desde que se observe o prazo de prescrição. A decisão é da Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ao julgar mandado de segurança impetrado por um aposentado que perdeu os proventos no cargo de Agente da Polícia Federal.

O mandado de segurança foi impetrado contra ato do Ministro da Justiça. O servidor foi aposentado em fevereiro 2008 por tempo de serviço, com proventos integrais, sem ter sofrido punições por faltas funcionais. Em junho de 2010, dois anos e quatro meses após a concessão da aposentadoria, foi instaurado um processo disciplinar, com a acusação de que ele teria se aproveitado do cargo para realizar cobranças de terceiros em 2005. O PAD resultou na cassação da aposentadoria e perda dos proventos.

O servidor pediu no mandado de segurança que fosse restabelecido o pagamento de sua aposentadoria. Alegou que seria inviável sua punição porque estava baseada nos mesmos fatos da sindicância arquivada. De acordo com a defesa, o arquivamento da sindicância, por si só, constituía julgamentos dos fatos, não tendo sido indicados fatos novos capazes de justificar a reabertura do procedimento administrativo.

A autoridade que prestou informações ao Tribunal alegou que não houve reabertura de sindicância anteriormente arquivada, mas erro material. O que ocorreu foi um equívoco do delegado, que determinou o arquivamento da sindicância. Já havia, no caso, manifestação anterior pela instauração do PAD. O fato de o servidor estar aposentado, segundo alegações da autoridade responsável pelo contraditório, não impediria a instauração de PAD para apurar a infração.

De acordo com a decisão da Primeira Seção do STJ, não houve realmente anterior arquivamento de processo versando sobre os mesmos fatos, mas o equivocado arquivamento de sindicância. “Assim, entendendo a autoridade competente pela existência de elementos suficientes para a instauração do PAD, nada impede que assim proceda, desde que respeitado o prazo de prescrição, notadamente por não se ter emitido nenhum juízo de valor no tocante aos fatos sob investigação”, afirmou na ocasião do julgamento a relatora, ministra Eliana Calmon.

O prazo de prescrição para o caso é de cinco anos. Interrompido o prazo prescricional pela instauração do PAD, nos moldes do artigo 142, parágrafo primeiro da Lei 8.112/90, volta-se a contar o prazo de prescrição 140 dias após a abertura dos trabalhos. O servidor respondeu pelo ilícito tipificado nos artigos 43, inciso XLVIII, da Lei 4.878/65 e 132, IV da Lei 8.112/90, condutas para as quais se prevê a pena de demissão ou cassação da aposentadoria.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

O Femusc e os mal-educados.

Coisas do ser humano.

Nesse domingo foi a abertura do 9o FEMUSC, o maior Festival Escola de música erudita da América Latina e um dos maiores do mundo. Após os tradicionais discursos, os presentes foram brindados com belas apresentações de pianos, harpas e violino, além de um acompanhamento de um grupo de música de rua (eu acredito), em uma das músicas (Billie Jean, de Michael Jackson).

Momento de comemoração e contemplação. Afinal, vem professores do mundo todo, as vagas dos alunos são verdadeiramente disputadas, Jaraguá do Sul e as cidades vizinhas se enchem de música, e temos uma ímpar condição de criar uma memória musical erudita nas nossas crianças e jovens que não tem preço. Nada contra qualquer outro tipo de música (ou quase nada), mas a música clássica erudita é diferenciada. De alguma forma que não sei explicar (não sou músico ou especialista), melhora o cidadão e, consequentemente, o mundo. Sou um entusiasta disso tudo. Serão dias de futuro aqui em Jaraguá do Sul.

Entretanto (e sempre tem um porém), nem todos se vestem com o instinto da civilidade que a ocasião proporciona. Por mais bonito que seja o espetáculo, regras foram criadas. Não vou nem falar das pessoas que vão de bermuda a um evento desta natureza (não me falem de calor porque tudo tem um preço - e eu, particularmente, trabalho de paletó e gravata quase todos os dias).  O que me incomodou de verdade foram as máquinas fotográficas e celulares barulhentos e seus flashes irradiantes. O barulho atrapalhava quem queria realmente prestar atenção. Cada nota é decorrência de horas, dias, meses de estudo e preparo de cada um dos músicos que se apresentaram lá naquele belo palco. E os flashes, o que dizer? O próprio teatro passa um aviso em bom tamanho e audível som dizendo que é proibido o uso de máquinas com flashes. Há motivos para tal. Ver diversos cidadãos (ou que pensam que são), inclusive autoridades, tirando fotografias com flashes em total desrespeito ao solicitado é vergonhoso. Para encerrar, na saída do espetáculo, motoristas apressadinhos primaram pela grosseria e "criação" de mão única na via lateral para conseguirem ser mais "espertos" que os outros e chegarem em casa dois minutos mais cedo.

É, cidadão de primeira. O que interessa, contudo, é o espetáculo, que supera estes desvios de caráter do ser humano. Parabéns aos organizadores e aos patrocinadores.

Abaixo o vídeo de divulgação deste ano:

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Eu canto, eu choro, eu grito.

Será que eu sou um maluco?

Um dia desses, numa dessas séries cômicas brasileiras, num desses canais da tv fechada, ouvi uma dessas músicas que ficam na cabeça. Não tinha reconhecido a voz naquela hora, mas nada como o deus moderno para tirar nossas dúvidas, pois, como se diz por aí, se não está no google não ecziste!!

Pois é: existe. Mundo maluco, na voz de Moacyr Franco. Para nos lembrar que todo mundo tem um pouco de louco, e para que o final de semana seja mais divertido.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Contos de quinta (versão verão): A tenda.

Como já é conhecido dos frequentadores destas plagas, quinta-feira costumava rolar um "Contos de quinta" pra divertir ou chatear os leitores. Alguns fizeram sucesso, outros foram muito mal falados, hehe. Abaixo, para quem não leu ou quer lembrar, a ligação para a relação dos contos. Na sequência, o primeiro da temporada. Como expliquei na terça, serão contos leves, sobre verão, praia, até eu pegar o jeito novamente. Grande abraço, boa leitura e boa sorte!!

Podem ler clicando aqui (a relação grande) e aqui (o último depois da relação).

A tenda.

Sábado de sol. Muito sol. O cidadão acorda relativamente cedo e vai com sua mulher para a praia. Duas quadras separam sua casa da areia. Como chegou antes da muvuca, escolhe um bom lugar, e arma seu guarda-sol. Arruma a cadeira da mulher, estende a toalha para ela torrar um pouquinho. Apesar do céu limpo, sem nuvens, de um belíssimo azul, ainda não está terrivelmente quente. Horário de verão tem suas vantagens.

Senta na sua cadeira, abre seu livro de autoajuda e afunda-se em regras de salvação própria. Entre um mandamento e outro, dá uma espiada sobre seus óculos nas bundas que passam caminhando. Disfarçadamente, claro, para a esposa não perceber.

O tempo passa e vão chegando casais, famílias, turmas. O silêncio inicial, rebatido apenas pelas poucas ondas, se desfaz por completo. Não se ouvem mais as ondas, inclusive. Um porcalhão aqui, outro ali. Uma criança reinenta aqui, outra ranhenta lá. E assim caminha a humanidade praiana. Todos dentro da civilidade possível. Claro, sempre passa um molequinho correndo e levantando aquela agradável areia sobre as mulheres ao sol. Invariável, assim como o é o adolescente que passa na beirinha do mar chutando a água para acertar a irmã e acerta todo mundo, menos a irmã.

A convivência tranquila e pacífica entre as famílias e seus guarda-sóis. Espaço razoável para todos, afinal. Uma água de coco para hidratar, um picolé de manga para refrescar. Claro, tem o chatinho que passa com o seu celular pendurado sabe-se lá onde, fazendo todo mundo ouvir o que ninguém quer.

Tudo corria normalmente quando, porém, chegou uma família. Uma família grande. Uma família de pai, mãe, filha, namorado da filha, filho, esposa do filho, ou vice-versa, uma netinha de uns dois anos e outro de uns cinco, tia e mais alguém não identificável. Uma família e piscininha, baldinhos, pazinhas, brinquedos diversos, bola, bolsa de neném (aquelas que a mãe carrega com todos os apetrechos dos pequenos), um cooler e um isopor. Uma família e sete cadeiras, cinco toalhas, não se sabe quantos bonés e chapéus e alguns tubos de bronzeador. Uma família e uma tenda, destas que são montadas para proteger a tropa toda do sol, dessas que só tem a parte de cima e as quatro pernas de sustentação. Branca com detalhes cinza.

O cidadão olha para a esposa que devolve o olhar. Alojou-se, a família, bem ao lado do casal. Bem na frente de outra família que tinha acesso para o mar. Não que fosse o último lugar da praia. Não. Havia muita areia para a família da tenda se apoderar. Mas tinha que ser ali. Todo mundo fez cara feia. Menos a família, que estava fazendo força para montar o barraco.

O cidadão baixa o livro e discretamente comenta com a esposa:

- Gente sem noção, hein? Tanto lugar pra se acomodar e tem que ser logo aqui. Na frente daquela família. Agora os pobres coitados vão ter que ficar contornando.
- Sem comentários – responde a mulher, concordando com o marido.
- Onde vai parar esse mundo? Cadê o respeito? Será que não se tocam? Não conseguem ver que estão atrapalhando outras pessoas?
- E ainda por cima, ficam aí, falando alto. Ninguém precisa saber que os vizinhos deles brigam, que a tia fulana tomou um porre na virada, que o cachorro fez xixi no pé da visita...
- Esse povo tá mesmo sem educação. É cada um por si e o resto que se exploda. Que se exploda. Até tirou parte do nosso sol, olha só!
- E tá esquentando esse sol, né, amor?
- Vixe, se está...

E a praia continua. O sol vai fazendo seu caminho no céu. As crianças continuam correndo e gritando. Mais um picolé, uma água gelada, um capítulo do livro, uma marquinha de biquíni...

De repente os olhares do patriarca da família da barraca e do cidadão se cruzam. O cidadão faz cara de poucos amigos. O senhor da tenda sorri e oferece uma cerveja. O cidadão recusa, que é isso, não precisa, não. E engole a própria saliva, imaginando o quanto deve estar gelada e gostosa aquela loira. O senhor insiste, argumenta mais um pouco e o cidadão acaba aceitando, pois, afinal, fica chato recusar, assim, sem por que, toda essa solicitude.

- Pegue aqui, vizinho, está gelada esta cerveja. É das boas, importada. Você vai gostar. Sente-se aqui embaixo conosco; deve estar muito quente aí fora. Aproveita. Sinta a brisa aqui na sombra. O quadrado é grande, aprochegue-se, não fique encabulado. Sua esposa também não quer vir? Mais uma cerveja? Pegue aí no cooler, fique bem à vontade.

Os minutos vão passando, o cidadão, inicialmente desconfortável, passa a curtir a mordomia, seu novo amigo, a família dele, as cervejas dele. Lá pelas tantas, depois da décima latinha:

- Bacana essa sua tenda, hein? Sabe que eu tava pensando em comprar uma. Igualzinha essa sua aqui. A gente fica com um espaço bom na praia, né? Consegue marcar o território, hehe. A mulher, se quiser pegar sol, deita um pouco mais pra fora, a cerveja fica na sombra, e é mais difícil a molecada fica jogando areia na gente quando passa correndo. Muito boa essa barraca. Passa mais uma cerveja aí, meu amigo...

E assim caminha a humanidade...

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Contra um mundo melhor.

Li um livro interessante este final de ano. Contra um mundo melhor - ensaios do afeto (editora LeYa, 1a ed.), do filósofo brasileiro Luiz Felipe Pondé. Instigante, provocante e, o pior, com muitas coisas que eu concordo. Como gostei, vou compartilhar alguns pensamentos com meus leitores hoje e outros ao longo da vida. Tem coisa contundente. Concordo com algumas. Mas não se levem tão a sério. Nem quando a carapuça servir, ok?

"O que nos humaniza é o fracasso, homens e mulheres muito felizes não são homens e mulheres. Tenho medo de pessoas muito felizes. A consciência trágica, seja ela cósmica, seja miserável miúda e cotidiana, determina o horizonte onde se move o humano."

Eu tenho medo de pessoas lineares (que nunca se alteram, comedidas demais) e das que querem parecer muito certinhas.

"Segundo alguns sábios, a preguiça seria uma espécie de ceticismo da matéria, do corpo."

Aqui entre nós: é o segundo melhor dos pecados, né? Principalmente domingo de manhã com chuva.

"Todos são preocupados em construir um mundo melhor e suas carreiras profissionais. E como quase todas são pessoas feias, fracas e pobres, sem ideias e sem espírito inquieto, nada nelas brota de grandioso, corajoso ou humilde."

E o melhor:

"O grande escritor pernambucano Nelson Rodrigues costumava falar que vivemos numa época dominada pelos idiotas. Quem são esses idiotas? Como reconhecê-los? O que eles costumam falar? Antes de tudo, eles são maioria esmagadora e, como a democracia é um regime fundamentado na maioria, são vencedores pela simples força numérica. A luta contra os idiotas é uma batalha perdida. Falam demais. Acreditam que, apenas porque têm boca, podem emitir opiniões sobre tudo. Como viraram engenheiros e médicos e professores, porque o "conhecimento" virou ferramenta de ascensão social, hoje os idiotas têm diplomas."

Oh vida cruel...

Nos bastidores da gravidez.

Para descontrair um pouco. Vi lá no Um sábado qualquer.


terça-feira, 14 de janeiro de 2014

O retorno, com FEMUSC, notícias, citações e até, talvez, Contos de Quinta.

Muito tempo sem escrever, muito tempo sem dar a atenção que esse blog merece, e algumas cobranças dos amigos leitores. Cada vez menos cobranças, é verdade, por pura desconfiança que pudesse ressuscitar.

Mas, ressuscitei. Talvez por ter assistido na última semana "A volta dos mortos-vivos", clássico trash dos anos 80,"Guerra mundial Z", com Bradd Pitt fazendo o papel de salvador do mundo contra também zumbis e, para encerrar, "Meu malvado favorito 2", que estranhamente parece a versão desenho animado do "Guerra mundial Z", com destaque para a cena em que os zumbis (sim, mais zumbis!!) sobem o muro amontoando-se uns nos outros (fora tantas outras referências, que não sei se foram acidentais ou não - para falar a verdade nem sei qual filme foi lançado antes). Sem contar que estou aguardando a nova temporada de The walking dead.

Mortos-vivos à parte, o fato é que voltei para cá. Tentarei retomar os Contos de quinta, agora no verão numa versão praia, menos sombria, mais humorada. Depois, quando entrar no ritmo, tentarei buscar a verve assassina ou deprimida novamente. Tentarei também, mas isso vai levar, ainda, alguns dias ou semanas retomar "O escritório 2" ou seja lá que título vá ter. Para quem não conhece o 1 tem um trecho ali na coluna da esquerda.

Hoje, porém, vou apenas mencionar o FEMUSC. Não sou especialista, não entendo quase nada de música (só sei que não sou fã de sertanejo e pagode), mas gosto de ouvir o que me agrada. E música erudita sempre soou bem aos meus ouvidos, desde quando ouvia os LPs do meu pai há uns 30 anos aproximadamente, sem saber pronunciar Bach, Tchaikovsky, Beethovem, Brahms, Mozart e diversos outros. Dessa forma, sou um empolgado pelos eventos que promovem música erudita com seus clássicos e suas desconhecidas.

E tive a sorte de morar na cidade que tem o MAIOR FESTIVAL ESCOLA de música clássica da América Latina e um dos maiores do mundo. Aos poucos este evento está sendo conhecido do grande público no país, como se percebe com a matéria na Globo News que pode ser conferido abaixo. Eu recomendo.