Bacafá

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quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Adulteração infantil - parte II


Semana passada tratei da adulteração infantil praticada pelos parentes próximos, normalmente pelas mães, tias e avós contra as meninas. Não só contra estas, e nem só por aquelas, é verdade. Mas normalmente são as meninas as que mais sofrem com o amadurecimento precoce decorrente das maquiagens, roupas, acessórios e assuntos que lhes são empurrados goela abaixo. Por um lado, fiquei feliz, pois recebi muitas manifestações concordando com a minha indignação; por outro, preocupado, pois muitas destas pessoas que a mim se dirigiram disseram, também, que infelizmente estão a ver mais e mais situações como estas.




Alguns amigos vão rir, mas entendo que boa parcela de culpa desta situação é, além da ausência de conversa dentro de casa e perda de valores básicos, a falta de leitura. As pessoas têm lido pouco, e em todas as classes sociais. E, pior, têm simplesmente trocado a leitura (de bons livros) pelos programas destrutivos da TV, que, muitas vezes, emporcalham corações e mentes, pois é de mais fácil digestão para quem não adubou o hábito da leitura. Uma coisa leva a outra, e sobre isso eu poderia escrever aqui algumas páginas. Afinal, como já disse Ernesto Sábato, a televisão nos tantaniza, com aquelas cores e brilho hipnotizantes.

Entretanto, hoje quero falar de outro ponto da adulteração infantil: da publicidade voltada às crianças. É sabido que a cada ano que passa os pais se deixam cada vez mais levar pelas vontades dos filhos. As razões são as mais variadas. Vão desde a completa falta de domínio dos filhos por incapacidade de educação até à consciência pesada pela ausência decorrente dos inúmeros compromissos (que muitas vezes nem do trabalho são). E as indústrias e agências de publicidade, que não são bobas, se aproveitam desta fraqueza dos pais.

O filho está boa parte do dia em frente à televisão vendo seus programas infantis recheados de merchandising, sendo que a criança pensa que o apresentador realmente consome aquele produto que diz que é bom. Isso sem contar os efeitos especiais que supervalorizam os produtos ou serviços oferecidos. Se os adultos se impressionam, imaginem as crianças.

Por isso, sou daqueles que defendem radicalmente a proibição de publicidade de produtos e serviços para o público infantil na televisão aberta, nos canais infantis da televisão fechada e nas revistas para crianças e adolescentes. Quem tem que decidir se o produto é bom, e ser convencido disso, são o pai e a mãe, e não os filhos.

Há projetos de lei tramitando no Congresso Nacional sobre o assunto. O tema é polêmico, porém, e o lobby das agências e das indústrias muito forte. Fala-se, até, em liberdade de expressão, o que, no meu ponto de vista, é um engodo. Um problema ainda maior é a internet, mas aí é tema para outra discussão.

Quem quiser ter ideia da gravidade que é a publicidade para o público infantil assista o vídeo abaixo, “Criança, a alma do negócio”:


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