Na terça-feira da semana passada cinco estudantes tentaram entrar pelo telhado do Pantanal Shopping, em Cuiabá, para assistir ao filme “Namorados para sempre” e caíram de uma altura aproximada de 8 metros. Uma adolescente de 12 anos morreu na hora e outro de 14 morreu no hospital. Outros dois foram encaminhados ao hospital sem risco de vida e o quinto adolescente não sofreu ferimentos. Segundo informações da polícia e da imprensa, os estudantes saíram de uma escola evangélica situada ao lado do shopping e entraram por uma das saídas de emergência, localizada no terceiro piso do prédio, invadindo uma área técnica e restrita, com acesso ao telhado do shopping, o qual cedeu. Suponho que, pela idade e por estarem vindo de uma escola, sabiam ler e sabiam, também, que estavam fazendo a coisa errada.
Entretanto, para minha surpresa, em reportagem que assisti pela televisão, uma mulher, que não lembro se era mãe, tia ou irmã de uma das vítimas, esbravejava contra o shopping dizendo que a responsabilidade pelos garotos terem entrado em área restrita e subido no telhado era do próprio estabelecimento.
Que fique bem claro que não estou, aqui, duvidando ou desdenhando a dor dos familiares dos adolescentes. O que me incomoda é a inversão de valores que estamos vendo com mais freqüência a cada dia. Um dos familiares dizendo que a morte ou as lesões dos adolescentes é culpa do shopping quando quem infringiu todas as regras e desrespeitou as normas mais comezinhas de educação foram os próprios garotos parece-me fruto de pura inversão de valores.
Ou seja, em vez de assumirmos nossas responsabilidades, jogamo-las, simplesmente, para outros, independentemente das consequências. Ou, talvez ainda pior, damos mais valores a coisas fúteis e materiais do que àquilo que pode servir de aprimoramento pessoal ou da humanidade, como educação, respeito às pessoas e às regras e reflexão.
E essa inversão de valores não se restringe ao Mato Grosso, obviamente.
Em Guaramirim, o prefeito e sua trupe em vez de mostrarem as cartas e se defenderem adequadamente, preferiram obstaculizar o prosseguimento da Comissão de Investigação da Câmara de Vereadores, demonstrando que nada querem esclarecer de fato.
Em Jaraguá do Sul, os vereadores (alguns) fazem ouvidos moucos a quem os elegeu e insistem em aumentar o número de edis enquanto faltam médicos na rede pública.
Algumas pessoas acham normal ter metade da família da prefeita em cargos de confiança na prefeitura.
Vereadores recebem mais de R$ 7.000,00 por mês por duas sessões na Câmara enquanto o salário mínimo nacional para 44 horas corresponde a R$ 545,00.
Políticos mudam de partido como trocam de roupa.
Um partido novo está sendo criado de cima pra baixo e com sérias suspeitas já na arrecadação das assinaturas (de pessoas mortas, fora do domicilio eleitoral, etc.).
Adolescentes acham um tênis de R$ 400,00 barato e um livro de R$ 20,00 caro.
Uma das maiores operadoras de telefonia do país (a Oi), como eu já disse aqui, acha bonito os pais não darem atenção ao filho pequeno e se utiliza disso para nos vender internet.
O que está faltando é pararmos, refletirmos e tentarmos não repetir os erros que nos levaram a esta inversão absurda de valores.
Um comentário:
faço da suas palavras, as minhas!
parabéns!
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